domingo, 3 de novembro de 2013

PRODESPORTO- CÉDULA DE TREINADOR/A DE DESPORTO

CÉDULA DE TREINADOR/A DE DESPORTO

 A cédula de Treinador/a de Desporto (CTD) é o documento oficial que habilita e regula o exercício das funções de Treinador/a.

 A responsabilidade da emissão da CTD é do Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P. (IPDJ, IP).

 A CTD tem uma validade de 5 anos, possui um caráter virtual sendo emitida através da utilização de uma plataforma online denominada PRODesporto. PEDIDO E EMISSÃO - PLATAFORM PRODESPORTO

 A possibilidade de pedido e emissão da CTD através de uma plataforma online criada para o efeito proporciona uma situação de maior comodidade para o interessado, permitindo-lhe criar e gerir o seu próprio perfil. Para além disso, estabelece condições para uma maior eficiência no registo, consulta e tratamento de dados, nas diferentes áreas inerentes à CTD.

 O pedido e emissão da CTD relativa a qualquer um dos Graus de formação considerados é realizado individualmente pelo/a próprio/a através da plataforma PRODesporto. 

O pedido deverá ser efetuado no momento em que o/a Treinador/a tiver concluído com aproveitamento todas as componentes do curso realizado ou, para as outras vias possíveis, quando estiverem reunidas as condições para que lhe seja conferida a equivalência respetiva.

 Para os pedidos efetuados ao abrigo do Regime Transitório, a Plataforma já está ativa desde o dia 1 de Junho de 2011 através do endereço http://prodesporto.idesporto.pt.

 TAXAS APLICADAS Emissão
 - 30 € Renovação
- 25 €

 Despacho n.º 8363/2011, 17 de junho

 REGIME TRANSITÓRIO
 O artigo 26º do Decreto-Lei. n.º 248-A/2008, de 31 de dezembro refere a existência de um Período de Transição que permitirá a necessária e ágil adaptação ao PNFT dos treinadores com qualificações conferidas anteriormente pelas respetivas federações desportivas. Se no passado eram as federações desportivas as únicas entidades certificadoras, serão elas quem vai confirmar os pedidos apresentados pelos treinadores na plataforma PRODesporto, seguindo a tabela de correspondência definida pela própria lei (artigo 25.º do Decreto-Lei 248-A/2008, de 31 de dezembro), cabendo ao IPDJ, IP, enquanto entidade certificadora, validar essa informação e emitir a CTD.
 O Regime Transitório teve inicio a 1 de Junho de 2011 e será concluido a 31 de Maio de 2012. Após este período os indivíduos com qualificações obtidas no passado não mais poderão requerer a CTD pela via da equivalência a acreditações federativas anteriores ao PNFT.
 Apenas os pedidos de equiparação das anteriores acreditações federativas são considerados ao abrigo do Regime Transitório.
Os pedidos realizados ao abrigo da Equivalência à Formação Académica, da Equivalência à Formação no Estrangeiro e a Equivalência à Experiência Profissional serão alvo de análise posterior, tal como exposto anteriormente no ponto de dedicado às Equivalências.
 PROGRAMA DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR
 O novo quadro legal pretende garantir que nenhum/a Treinador/a que esteja no exercício pleno das suas funções no momento da entrada em vigor da lei, possa ser impedido de continuar a exercer idênticas funções.
É com esta preocupação que surge na lei (artigo 25.º, número 4 do Decreto-Lei 248-A/2008, de 31 de dezembro) a possibilidade de realização de Formação Complementar, de modo a ultrapassar eventuais anomalias neste âmbito.
 Para definir o modo como este pressuposto vai ser concretizado, o IPDJ, IP elaborou um documento (Programa de Formação Complementar - Metodologia e Normas) para que as federações possam resolver as situações excepcionais que a modalidade possua (contemplando apenas Treinadores/as efetivamente em exercício) e possam começar a aplicar em pleno o PNFT.
 Este programa permite a acreditação dos Treinadores/as em situação excepcional, procurando valorizar a componente de formação.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

CÉDULA DE TREINADOR DE DESPORTO

Com a publicação do Decreto-Lei n.º 248-A/2008, de 31 de Dezembro, passa a ser condição para o exercício de função de Treinador de Desporto a posse da Cédula de Treinador de Desporto (CTD), documento emitido pelo Instituto do Desporto de Portugal, I.P..

De acordo com o definido no diploma legal atrás referido, a obrigatoriedade desta certificação terá efeitos a partir do fim do Regime Transitório (31/05/2012) - fase em que os treinadores formados, no âmbito sistema federado, terão de pedir a correspondência a certificação obtida no passado e a CTD, no cumprimento do disposto no artigo 25º do Decreto-Lei n.º 248-A/2008, de 31 de Dezembro.

Assim, e de modo a facilitar a comunicação entre a Associação de Futebol de Bragança e os Treinadores dessa Associação, acerca dos procedimentos a cumprir para a solicitação da CTD, abaixo se descreve de forma sucinta os passos a cumprir:

1º - Registo na PRODesporto (Plataforma Informática criada para efeito) – em http://prodesporto.idesporto.pt/

2º - Após validação do pedido de registo, efectuação de pedido de CTD.

3º - Após validação de pedido de CTD, pagamento de taxa de 30 €

4º - Após confirmação de pagamento de taxa, acesso, na plataforma PRODesporto, à CTD (documento digital).

Nota: Para uma consulta pormenorizada do modo como está organizado o processo de emissão de CTD, aconselha-se a leitura da informação disponível na Plataforma PRODesporto.

Mais se comunica que estas e outras informações acerca do novo regime jurídico da formação de treinadores de desporto estão disponíveis no sítio do IDP, I.P. em www.idesporto.pt (área Formação de Treinadores)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

TÉCNICO-TÁCTICO/METODOLOGIA DO TREINO

05/02/2011
Teste Prático


CAPACIDADES MOTORAS

05/02/2011
Teste Prático

TRANSIÇÃO DEFENSIVA: CARLOS CARVALHAL

1/02/2011 Teste:PSICOLOGIA DO DESPORTO

Momento de transição defensiva

Ao definirmos princípios para os quatro momentos de jogo da nossa equipa, deparamo-nos com um que é para mim o mais difícil de trabalhar, o momento de transição defensiva.
Na essência do jogador está o “jogar”, o ter a bola para marcar golos. Quando ganha a bola, a sua natureza pede que caminhe face ao objectivo do jogo, o golo. Isto é natural!
O problema é que a predisposição para defender a baliza depois de perder a bola não é a mesma da que existe quando a conquista (naturalmente quer fazer golo, quer jogar tendo a bola).
Esta questão é tão pertinente para mim que, sendo um defensor do treino em Especificidade desde o primeiro dia de trabalho, tenho muitas vezes que “reduzir” este momento (vamos chamar instante a este preciso momento da perda da bola) a situações nas quais a bola chega a estar ausente (embora não deixe de treinar em Especificidade, apesar disso)!
O momento de transição defensiva começa no preciso instante em que a equipa perde a bola e tem que reagir muito rápido! A questão que se levanta é, o que fazer? O que fazer evidentemente que depende dos princípios de jogo que o treinador estabeleceu para este momento do jogo: Recuperar rapidamente a bola? Defender mais perto da minha baliza? Etc…
Passar de um momento de ataque
para um momento defensivo é uma mudança brutal no nosso organismo! O nosso lado cognitivo sofre uma alteração profunda neste momento, de ter a bola e pretender fazer golo, para não a ter e evitar um golo adversário! Voltamos a insistir, este é um momento muito particular, porque o momento de transição defensiva depende muito da velocidade (pensamento e acção) com que o jogador reage à perda
da bola. Ou seja, é um momento individual que deve estar subordinado a uma ideia colectiva!
Quer testar o momento de transição defensiva da sua equipa? Faça o seguinte exercício: duas equipas em duas colunas como na FIg 1. Dois treinadores, um em cada equipa, passam a bola para finalizar. No momento antes deste rematar, já está a sair outro jogador do lado oposto. O primeiro depois de fazer o remate tem que reagir rapidamente para tentar evitar golo, e assim sucessivamente. Ganha a equipa que mais golos marcar.
Se nunca utilizou este exercício, ao fazê-lo vai rapidamente verificar que os jogadores depois de tentarem finalizar, esquecem-se literalmente que têm outro objectivo de seguida, que é evitar golo. Vão de certeza verificar que este momento muito particular é na esmagadora maioria dos casos muito “fraco” nos vossos jogadores!

Por ser de difícil abordagem e muito difícil de trabalhar dissemos que é o momento de jogo, ou melhor, o preciso instante em que o jogador tem que reagir rapidamente para passar, no menor tempo possível, do momento ofensivo para o defensivo! Não perdemos o sentido da Especificidade, porque a reacção a este momento é uma ideia central na nossa forma de jogar! Sendo assim, desenvolvemos estratégias com e sem bola para que os jogadores que têm mais dificuldade (apenas numa fase inicial) possam melhorar esta capacidade, eminentemente reactiva.
Toquei neste ponto em particular porque o considero central ao abordarmos o momento de transição defensiva! No entanto, convém referir que esta é apenas uma parte do Todo! O Todo é a organização colectiva da equipa! Treinar transição defensiva é treinar um momento de organização colectiva que deve obedecer a princípios de jogo previamente estabelecidos pelo treinador. A reacção colectiva à perda de bola é a ideia central deste momento do jogo. Ter jogadores a reagir rapidamente à perda da bola, mas sem organização colectiva, dificilmente teremos eficácia nas acções! Mas também é verdade que se este instante particular da mudança mental brusca não estiver consolidada individualmente, podemos recuperar a bola, mas nunca teremos uma equipa de Top.



A imagem identifica 4 conceitos: Organização OfensivaOrganização DefensivaTransição Ofensiva e Transição Defensiva.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

COMO JOGAR 9 CONTRA 11: CARLOS CARVALHAL

24/01/2011
Psicologia

Como jogar 9 contra 11.
Já tinha passado por esta experiência e lembrei-me novamente ao ver o Rio Ave com o Vitória de Guimarães no fim-de-semana passado, num jogo a contar para a Liga Portuguesa de futebol profissional.
Jogar 11x11 permite-nos ter todos os referenciais no terreno de jogo: companheiros e adversários e suas respectivas linhas e orientações.
Na ausência de um jogador as coisas complicam-se! Na minha opinião, o comprometimento defensivo nunca deve ser colocado em causa; o ofensivo com alguma astúcia e inteligência pode ser eficaz. No fundo, juntando linhas e redobrando esforços nos dez, ou seja, com “essa força”, aliada a astúcia de ordem táctica, pode com naturalidade fazer-nos discutir um jogo contra qualquer adversário, mantendo sempre os equilíbrios da equipa.
Jogar com nove… é muito mais complicado! O campo de futebol é muito grande para ser ocupado por nove jogadores. A manutenção das linhas e equilíbrios não nos permitem defender em superioridade numérica e ter elementos suficientes para poder atacar com número de unidades que possam criar muitas dificuldades ao adversário.
O que devem então fazer os nove jogadores?
Servimo-nos do exemplo do Rio Ave, que ficou com 9 unidades ao minuto 60 e com o resultado em 1 a 1, tendo ainda ficado em situação desfavorável aos 68 minutos de jogo.
Com o resultado negativo de 1 a 2, o Rio Ave nunca se desequilibrou, tendo sempre uma frieza e agressividade impressionantes, respondendo desta forma com grande eficácia às dificuldades do jogo.
Defensivamente manteve sempre as suas linhas juntas, posicionando-se no seu meio campo defensivo com todos os jogadores muito juntos. Formou sempre uma linha de 4 defesas que lhe asseguraram e contribuíram para a manutenção equilibrada da dinâmica defensiva. A grande diferença para o que acontecia antes foi apenas a dinâmica ofensiva dos seus defesas laterais que depois ficaram obviamente mais posicionais.
No meio campo manteve os 3 elementos habituais (o Rio Ave joga normalmente em 1.4.3.3). O comportamento dos médios envolveu sempre grande sacrifício e grande mobilidade defensiva: com a ausência de extremos para defender nos espaços dos defesas laterais contrários, foram os médios laterais que rapidamente tiveram que se posicionar nestes espaços, rodando os dois outros médios para o lado da bola.
Na frente, um jogador (João Tomás). Em situação defensiva, recuou para a linha do médio defensivo contrário, fazendo o papel de 4 médio.
Desta forma, a manutenção do equilíbrio foi uma evidência! Ainda assim, o Rio Ave estava a perder! O que fazer para chegar ao golo nestas circunstâncias?
Ao ganhar a posse da bola, numa equipa que tem menos duas unidades em campo, parece que não existem companheiros para jogar, porque essencialmente se perdem referências. O maior perigo nestas situações pode ser o facto de as equipas perderem o seu equilíbrio táctico, em função de quererem atacar com a normalidade habitual no que diz respeito à sua dinâmica, e não sabendo por isso que os equilíbrios se podem tornar quase impossíveis, tornando-se altamente vulneráveis no momento de transição defensiva.
Sempre que o Rio Ave ganhava a posse da bola, tentava conservar a sua posse até que o seu avançado e mais um médio chegasse perto da linha defensiva adversária. Nessa altura, verificou-se sempre uma tentativa de jogo directo para estes, sobretudo para ganhar faltas. Foi assim que o Rio Ave conseguiu chegar à baliza do Vitória. E foi assim que após uma falta sobre João Tomás fez o golo do empate.
Manter a posse, sem abandonar as posições de forma a estar em equilíbrio no momento de transição defensiva, e procurar através de passes directos para os jogadores que se posicionem na frente, de forma a ganhar faltas laterais, frontais ou cantos, parece-nos ser uma boa solução para combater a inferioridade numérica de 2 jogadores. Defender bem e tentar aproveitar com eficácia os lances de bola parada. Numa equipa com jogadores como Cristiano Ronaldo ou Messi, uma outra hipótese é simplesmente passar-lhes a bola…criam soluções em situações de inferioridade extrema!
E a equipa que está em superioridade numérica 11 contra 9?
No fundo fazer o que o Vitória fez. 4 Jogadores nos corredores (um defesa lateral e extremo de cada lado) de forma a “abrir” o campo e tentar desequilíbrios principalmente pela acção dos defesas laterais (leia-se atrás a dificuldade colocada com a ausência de extremos). Dois avançados colocados na frente, jogando 1x1 com os defesas centrais contrários. Um pivot defensivo e um ofensivo, mantendo-se os dois defesas centrais.
Esta foi a opção relativa à colocação espacial dos jogadores, como poderia ter sido outra. O que nos parece importante referir é que, numa situação destas, tendo em conta a dificuldade sentida pelos médios contrários (por terem de sair a zonas laterais), quanto mais a bola entrar nessas zonas e mais rápido circule para o corredor contrário, mais dificuldades e desgaste estes jogadores podem acusar e por consequência, os espaços abrem-se com naturalidade! Por outro lado, com a dificuldade de controlar espaços, aparecem os desequilíbrios.




CAPACIDADES MOTORAS

21/1/11
Teste Teórico

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

MEDICINA DESPORTIVA

17/1/2011

Exame de Medicina Desportiva

METODOLOGIA DE TREINO: FUTEBOL 7

15/1/2011 Preparação para o exame teórico
FUTEBOL 7 Sistema 1-2-3-1

Funcionamento 
Este sistema teve a sua origem no 1-3-2-1, ao adiantar um dos defesas para a linha de meio campo. Tem também grandes afinidades com o futebol 11, especialmente em equipas de características mais ofensivas, ou perante equipas contrárias muito inferiores.
Este sistema é uma boa aproximação para o 1-4-2-3-1 do futebol 11.
 Existe então, 1 guarda-redes, 2 defesas, 3 médios e 1 avançado.
Os defesas são dois centrais, com muitas capacidades para as coberturas, muito rápidos, com qualidades técnicas para iniciar o jogo de ataque, fortes no jogo aéreo e eficazes nos desarmes.
Os dois médios alas devem ser rápidos, com capacidades técnica e com facilidades de chegar à área contrária.
O médio centro deverá ter todas as qualidades de um bom organizador de jogo e bom posicionamento táctico.o avançado deverá ser muito veloz, com capacidade de desmarcação, com qualidades para segurar a bola e possibilidade de fazer também trabalho defensivo.
Vantagens 
Grande semelhança ofensiva ao funcionamento do futebol 11, permitindo manter a posse de bola e fazer a progressão até à baliza contrária.
Maior agressividade defensiva pois permite pressionar com 4 jogadores o início do ataque da equipa contrária.
Maiores possibilidades de conseguir golo ao recuperar um grande número de bolas no campo contrário.
Desvantagens
Demasiado espaço livre entre os defesas e o guarda-redes.
Exige um nível elevado de concentração pois necessita de uma grande intensidade de jogo.
Um erro na pressão pode proporcionar facilmente um contra-ataque da equipa contrária com muitas possibilidades de golo, devido ao adiantamento das linhas de jogo ao tentar recuperar a bola.

TRANSIÇÕES OFENSIVAS: CARLOS CARVALHAL

14/01/2011
Preparação para o exame de capacidades motoras
Transições ofensivas! Ao iniciar esta reflexão sobre transições ofensivas, não me abandonava a ideia da indivisibilidade do jogo e em função disso na inoportunidade de falar sobre o “momento” de transição ofensiva. Não será mais oportuno falar de instante?
Hoje em dia é recorrente falar-se em transição ofensiva, mas tenho a convicção que este termo é, na esmagadora maioria das vezes, usado de uma forma inadequada. É comum as pessoas associarem este momento a saídas em ataque rápido ou contra-ataque. Penso que esta ideia surgiu pela vertigem contemporânea: pela velocidade e pela pressa!
Existem algumas divergências no que se refere à definição do que é o momento de transição ofensiva! Para uns é a forma como após se recuperar a bola, se age de uma forma colectiva até ao momento em que o adversário entre em equilíbrio. Para outros é apenas o instante em que a recuperas depois o critério que a equipa tem para dar sequência ao jogo entrando no momento de organização ofensiva.
Acho que por vezes este tipo de questões se tornam estéreis! O jogo é contínuo, onde começa e termina algo em algo que é iminentemente fluido vão existir sempre divergências de opinião. Assim sendo, vamo-nos concentrar e focar no preciso momento em que ganhamos a bola, nesse… instante!
A Transição ofensiva pode ser caracterizada pelo preciso instante em que se recupera a bola! O que fazer a partir deste instante? Sim instante!
É que a qualidade da transição ofensiva está intimamente relacionada com a qualidade do primeiro passe após recuperação da posse da bola. A partir daqui, normalmente define-se a forma como depois entras no outro momento de jogo, que é obviamente a organização ofensiva.
A definição do que se vai fazer após ganhar a bola depende de muitas coisas: em primeira instância das ideias do treinador (da forma como treina para jogar) e dos respectivos princípios de jogo inerentes à ideia de jogo; do local onde se conquista a posse da bola; muitas vezes condicionado pela gestão do jogo (resultado, tempo de jogo, cansaço, etc).
Imaginem um treinador que privilegia a posse da bola como método preferencial de jogo! A predominância dos instantes de transição ofensiva serão em “segurança”, ou seja, pretende retirar a bola rapidamente da zona de pressão (ou de elevada densidade de jogadores adversários), isto nas equipas de nível é conseguido através de um primeiro passe de grande qualidade. Esta saída da bola de zona de pressão não tem que se realizar no sentido da baliza adversária, ele pode ser lateral ou inclusivamente um passe para trás, de forma a potenciar a posse de bola, jogando-se em segurança. Os princípios e sub-princípios de jogo para o instante de transição ofensiva serão o de retirar a bola da zona de pressão, privilegiando a segurança do passe. Como exemplo podemos atentar como o Barcelona age no instante que ganha a posse da bola: primeiro passe sempre em segurança para fora da zona de pressão, segundo passe sempre a procurar segurança e o privilégio de manter a posse da bola, muitas vezes procurando a “desaceleração” do jogo.
Outro treinador, prefere um jogo mais “vertical”, procurando chegar o mais rapidamente à baliza adversária. Neste enquadramento, o primeiro passe neste vai ser predominantemente para a frente ou lateral para depois chegar rápido a linhas avançadas. Aqui os princípios e sub-princípios de jogo estarão intimamente ligados à velocidade do passe, bem como do deslocamento colectivo da equipa (no sentido da baliza adversária).
Veja-se como o Real Madrid age nos instantes de transição ofensiva: primeiro passe em segurança (por vezes lateral ou vertical no sentido da baliza contrária), sendo que na sequência deste passe sempre, com uma grande propensão de verticalidade colectiva, utiliza uma forte intensidade colectiva para chegar rapidamente à baliza adversária.
A definição do que fazer após a conquista a bola também pode depender do local onde se consegue fazer! Claro que neste caso estamos a falar na definição dos princípios do jogo preconizados pelo treinador e a propensão de acção tendo em conta o local do campo onde se conquista a bola.
Uma coisa poderá ser o recuperar-se a bola junto à própria grande área, outra poderá ser perto da baliza adversária. O Real Madrid tem uma definição muito clara de princípios de acção: ganhar a bola na zona intermediária do campo, ou no meio campo ofensivo, o que permite fazer transições ofensivas objectivas - procurando o desequilíbrio da equipa adversária. Já quando conquista a bola no seu meio campo defensivo (mais perto da sua área), as transições são muito mais “seguras”, procurando a equipa não perder a posse da bola nestas zonas do terreno.
Existem outros aspectos que poderão influenciar no tipo de acção a adoptar na forma como se “transita” para o ataque! Tendo em conta a estratégia que o treinador adopta para o jogo, pode fazer-se intencionalmente um tipo de transição diferenciada (ou não) em função do resultado e tempo de jogo, assim como pelo estado físico da equipa, no decorrer da partida! Imaginem uma equipa que privilegia o ataque rápido, e concomitantemente transições rápidas e verticais no sentido da baliza adversária! Está a vencer o jogo por 2 a 0 e a equipa a 10 minutos do final apresenta sinais evidentes de cansaço! Esta equipa pode estar preparada para modificar a propensão das suas transições privilegiando a segurança de passe e posse da bola.
Uma característica comum às equipas de grande nível é a segurança que evidenciam no primeiro passe é a eficácia com que saem das zonas de pressão. Pelo facto de ter feito um percurso com treinador desde a 3ª divisão até a um nível de grande exigência como no Sporting (percorrendo todas as divisões do Futebol Profissional), permite-me afirmar que quanto maior o nível, mais eficácia temos no primeiro passe e na forma como rapidamente saímos das zonas de pressão após ganharmos a posse da bola.
Depois, de acordo com os princípios de jogo da equipa, entramos no momento de organização ofensiva que pode ser de diversas formas.
Apesar de falarmos em “instante” e na importância da qualidade do “primeiro passe”, que estão ligadas a processos individuais (mais propriamente ao jogador que está em acção com a bola), tanto este, como todos os outros, estão subordinados a uma ideia comum (ideia de jogo da equipa) que tem princípios de jogo e sub-princípios para cada momentos e cada “instante”.
Ao falarmos de passe, tem obviamente que existir quem recepcione a bola e saiba o que fazer a seguir… Como em todos os momentos em futebol, o ideal é que TODOS os jogadores da mesma equipa pensem da mesma maneira em cada momento!

domingo, 9 de janeiro de 2011

ROTATIVIDADE: CARLOS CARVALHAL

Rotatividade!
Este é um dos temas do momento, principalmente em campeonatos onde existe uma forte densidade competitiva.
Qual a melhor forma de fazer esta gestão? Trocar jogadores de jogo para jogo será a melhor opção? Terão todos a mesma competência, de maneira a que a equipa apresente os mesmos níveis competitivos? Será mesmo este o verdadeiro problema da rotatividade de jogadores? Vamos tentar encontrar algumas respostas para as perguntas acima colocadas!
Toda a gente reclama mais competição, mas depois debate-se com o problema da gestão do plantel. A fórmula muitas vezes encontrada é a da rotatividade de jogadores. Ou seja, de jogo para jogo, ou pontualmente, substituem-se alguns jogadores por outros de forma a que uns possam descansar e manter outros em actividade.
Só que na prática, na esmagadora maioria dos casos isto não tem dado muito resultado. A desculpa é que o plantel não tem todo a mesma qualidade! Claro que num plantel nem todos têm a mesma qualidade, mas quantas vezes os jogadores que no inicio de época não se perfilham na nossa cabeça como primeira opção, acabam por ser titulares a época inteira? Muitas, de certeza absoluta! Este é sem duvida um problema, mas não me parece que seja o principal!
Noutras situações, é referida também a falta de ritmo competitivo de quem entra a jogar e não o tem feito com regularidade! Poderá ser um problema? Pode, mas nunca nos dois primeiros jogos, nestes, o jogador está com a motivação toda e sustém bem o ritmo desses jogos, a partir daqui se a gestão não for bem feita, é que poderá acusar fadiga! Contudo, o que resulta na prática é que muitas vezes se as coisas não correrem bem, estes jogadores que entram, acabam por não se fixar na equipa e voltam à condição de segundas opções.
Os treinadores referem muitas vezes que todos os jogadores estão preparados para jogar, porque treinam da mesma maneira. Conhecem os princípios e sub princípios de jogo da equipa e a sua dinâmica, e se tiverem que entrar na equipa não existe qualquer problema porque vão corresponder ao nível exigido. Claro que esta é uma verdade! Mas este tema levanta questões importantes.:
Os jogadores que entram na equipa, mesmo mantendo o sistema de jogo não vão acrescentar ou diminuir ao conjunto, pelo facto de terem características diferentes dos jogadores que vão substituir?
Será que as ligações, códigos sensoriais entre jogadores da equipa não vão ser afectadas?
Comecemos pela primeira questão!
Pensemos numa equipa que joga preferencialmente em 1.4.3.3, tem na sua dinâmica uma forte presença ofensiva do seu lateral direito, ao contrário do seu defesa lateral esquerdo que é mais “defensivo”. A alternativa a este defesa lateral direito é um jogador menos acutilante no ataque! Parece-me óbvio que, mesmo conhecendo os princípios e a dinâmica da equipa, este jogador no mesmo sistema “alterará” a dinâmica da mesma. Não poderemos especular se para melhor ou pior, mas podemos convictamente dizer que será necessariamente diferente. Podemos ficar com a ideia de que muitas vezes alterar um jogador poderá significar uma alteração muito grande na dinâmica. E dois, três, quatro ou cinco…?
Ao responder à segunda questão parece-me possível encontrar as respostas fundamentais para os problemas da rotatividade.
Sou muitas vezes questionado por jovens que querem ser treinadores, qual o caminho que devem trilhar para chegar a ser profissionais. A todos respondo, joguem, conheçam o jogo por dentro! Sem esse conhecimento, da sua natureza, a sua aleatoriedade, os seus códigos sensoriais, dificilmente conseguem lá chegar…. Códigos sensoriais!!! O que é isso?
É mais um dos “segredos de balneário” que legitimamente muitos treinadores guardam e que revela o conhecimento do jogo! Pela sua prática, percebem desde cedo que existem sinais entre jogadores que se revelam importantíssimos na dinâmica de uma equipa. Vulgarmente podemos definir como parte integrante do “entrosamento”.
Para além dos princípios, sub-princípios e sub dos sub-princípios de jogo, existem códigos entre jogadores que se vão criando pela habituação, pelo treino e pelo tempo. Como sabemos, devido à sua aleatoriedade, os timings no futebol são importantíssimos para agir num determinado instante, perante uma qualquer dificuldade! Pois bem, esses timings têm imenso de “linguagem sensorial”: a posição do corpo quando esboça um movimento e é interpretado pelo colega; a posição da suas mãos emitindo um sinal para um determinado tipo de acção; a voz a pedir a bola num momento preciso; o ouvir de um sinal para fazer uma determinada acção, sem necessitar de ver o colega, porque sabe onde está e o que vai fazer…
Querem um exemplo prático? Jogava eu com 19 anos na 1 liga no Desportivo de Chaves! Como médio interior direito jogava Paulo Rocha, jogador com uma capacidade de passe impressionante, e como extremo direito António Borges, muitíssimo rápido e possante. Sabem como o Borges comunicava com o Paulo?
Bastava o Paulo ter a bola e o Borges assobiar e mesmo sem ver onde estava o colega (porque sabia onde estava e para onde se desmarcava) passava-lhe a bola em profundidade com uma precisão impressionante!
Estes sinais de diversa ordem criam-se na esmagadora das vezes sem a intervenção do treinador, faz parte do dialecto de acção dos jogadores.
O futebol é um jogo de enganos, e esta é uma das formas que os jogadores encontram para no terreno de jogo enganar os seus adversários.
Este é um código, um sinal sensorial acústico! Como este existe uma infinidade de códigos que se criam com conhecimento mútuo, treino, tempo, habituação…
Pois bem, acho que agora estamos em melhor condição de aclarar o tema em questão! Mudar um jogador, como sabemos por vezes causa dano na dinâmica da equipa!
Mudar 5 ou 6, pelas características desses jogadores, diferentes dos outros, vai comprometer uma dinâmica fluida.
Tanto pelas diferentes características dos jogadores, como pela ausência natural de códigos sensoriais (“entrosamento”). Sendo assim podemos dizer que ao aumentar o grau de entropia, perdemos fluidez no sistema.
Mas então o que fazer?
Olhem para as equipas de Mourinho!! Disputa todas as competições a Top, muda muito pouco de jogadores e quando o faz não compromete a dinâmica. Para se conseguir andar a top em todas as competições em simultâneo, estamos a falar de um processo complexo, de competição, treino e recuperação… mas isso é outro tema!

DEFESAS CENTRAIS: CARLOS CARVALHAL

Defesas centrais
“Cada vez penso mais e corro menos”! Esta frase é da autoria de Carles Puyol, defesa central do Barcelona e da Selecção Espanhola ao jornal El País no dia 10.7.2010
O conteúdo desta afirmação leva-nos a reflectir sobre a inteligência do jogo. O dominar e controlar os espaços mais importantes do terreno de jogo de uma forma inteligente, é sintoma de uma equipa evoluída.
Na entrevista acima referida, Puyol refere que “agora preocupa-se mais com o espaço do que com a bola”!
A noção de controlo e domínio dos espaços é fundamental para um jogador e para uma equipa inteligente! Existem espaços mais “críticos” do que outros! O espaço destinado aos defesas centrais é fulcral na organização de uma equipa. Quando estão a defender, as equipas revelam preocupações em fechar o corredor central (o que parece óbvio pois é o local onde se encontram as balizas), sendo os defesas centrais aqueles que devem guardar os espaços que estão imediatamente à frente da sua baliza.
E começo por referir “guardar espaços” porque, para mim, é uma característica importantíssima para definir um bom defesa central! Existem defesas centrais que são apelidados pelos adeptos de “autênticos guerreiros”, “que vão a todas”, “que não largam o ponta de lança”, etc…
Entendo este ponto de vista, mas não é o meu! Fui defesa central e percebo muito bem esta posição! Mais importante que perseguir adversários e fazer carrinhos nas laterais do campo, é absolutamente necessário saber guardar o seu espaço e não permitir que qualquer adversário (não só os avançados) possa entrar nesse espaço para fazer golo.
Vamos reflectir! Sou treinador de uma equipa que vai jogar contra outra, na qual os defesas centrais jogam em “perseguição” aos avançados contrários! É óbvio que ao sair do seu espaço com facilidade, as compensações são muito difíceis de se fazer. Com toda a naturalidade, um dos pontos estratégicos a explorar vai ser o arrastar os defesas centrais para fora do seu espaço, de forma a que outros jogadores possam entrar por esse canal.
Então os defesas centrais nunca “abandonam” o seu espaço?
Podem fazê-lo, mas segundo a minha perspectiva, apenas com duas possibilidades: ter a certeza que vai “encurtar” num adversário que estava prestes a receber a bola num espaço importante e que poderia colocar em perigo a equipa se a bola fosse recepcionada (se mesmo assim este ganhar a bola, devemos forçá-lo a jogar para fora deste espaço, ou em último recurso deve recorrer-se à falta); ou, saindo desta zona, tendo a certeza absoluta que o espaço abandonado vai ter uma eficiente cobertura.
Já agora para reforçar esta minha ideia atente-se no que refere Puyol, “Agora posso dizer que jogo com mais cabeça e menos pernas, menos coração. Pelo menos tento pensar antes de ir a todas”.
Quando comecei como jogador não existia uma forma de jogo “zonal”! Um defesa central marcava o ponta de lança e o outro jogava nas “dobras”. Já na fase terminal da minha formação (juniores), as equipas começaram a jogar com os defesas centrais a jogar cada um na sua “zona”! O que era isso?
Dividindo o campo a meio no sentido longitudinal, do lado que o avançado se desmarcava o defesa central marcava e o outro “sobrava”! Foi para mim uma primeira abordagem à Zona! Desde o primeiro dia senti a vantagem desta forma de jogar e a dificuldade que alguns avançados começaram a experimentar. Esta forma de defender foi uma “viragem”, não só nas características dos defesas centrais (menos o “marcador puro” e o que jogava apenas “limpinho nas sobras”), para defesas com as duas características (mesmo que uma fosse mais marcante do que a outra). Influenciou também a forma como os avançados se movimentavam, agora que já tinham dois defesas centrais a marcar os espaços.
Com o passar dos anos o jogo evoluiu para a defesa “Zona pressionante”! Forma de jogar que implica jogar em rede: todos dependem de todos, defendendo espaços em coordenação colectiva! Nesta posição procuro sempre ter jogadores que, para além de reunir um conjunto de características individuais, saibam jogar em coordenação com a equipa, no seu Todo; com a linha defensiva no seu conjunto (incluindo guarda-redes); mais pormenorizadamente com o seu parceiro do eixo central (quase que uma união que se assemelha a um casamento); também de uma forma muito próxima com o defesa lateral do seu lado.
Cada vez sinto mais dificuldade em avaliar um defesa central! Procuro analisar as relações de coberturas de espaços entre defesas, e de uma forma mais “sensível”, a forma como se articula e complementa a dupla de centrais.
Dentro de um conjunto de características que acima referi, existe uma que para mim é fulcral para definir um defesa central de Top – a capacidade de antecipação! Esta capacidade está intimamente ligada com a inteligência do jogador! A forma como antecipa o que vai acontecer no jogo em cada instante, realiza-se em eficácia defensiva e… ofensiva!
Defensiva porque a leitura do jogo vai permitir antecipar os acontecimentos e impedir a iniciativa ofensiva do adversário - como que “adivinhando” a intenção do adversário. Neste âmbito, pode levantar-se a questão do que é a velocidade no futebol…
Ofensiva, porque um bom defesa, para além de dever antecipar o momento em que anula a investida do adversário, deve dar um ênfase construtivo à sua acção, ou seja, deve colocar em primeiro lugar o “cortar” a bola, mas pensar sempre ao fazê-lo, de que forma pode passar a bola a um colega para que exista transição para ataque.
O jogo tem um fluxo contínuo, não se quebra num momento! Por isso as ligações entre os diversos momentos do jogo assumem uma importância fundamental.
Cada vez mais os defesas centrais não se esgotam no processo defensivo. Procuram-se defesas que para além da sua função natural e fundamental, tenham acima de tudo uma grande eficácia defensiva. Que saibam iniciar e dar continuidade ao momento ofensivo.
Já pensaram na importância dos defesas centrais nos momentos de transição?
Como referimos anteriormente, a forma de dar sequência ao jogo após cortar a bola, influência de uma forma construtiva, facilitando a fluidez e a velocidade do jogo. O primeiro passe após a recuperação da posse da bola, assume uma importância enorme na transição ofensiva. Os defesas centrais anulam muito “jogo” ao adversário, logo têm também muitas possibilidades de iniciar a organização ofensiva, antecipando a acção seguinte.
Existe um pormenor muito importante e que está intimamente ligado com a concentração e interpretação do jogo. Um defesa central, como todos os jogadores, “joga” em todos os momentos do jogo. Mas todos nós, treinadores, sabemos que quando a nossa equipa está a atacar no último terço do campo, existem jogadores da linha mais recuada que por vezes estão apenas a “ver o jogo”!
O que significa isto? Significa que estão de tal forma absorvidos pelo lado emocional, a viver o jogo e a focalizar-se no colega que tem a bola, que se esquecem que momentaneamente não ocupam bem os seus espaços, no sentido de manter o equilíbrio da equipa. Isto resolve-se com treino, e é importantíssima a forma como estes jogadores se posicionam para que a equipa esteja permanentemente equilibrada, mantenha as suas linhas juntas e tenha uma transição defensiva eficiente. O facto de estarem posicionados na linha mais recuada da equipa deve também ser aproveitado por estes para dar feedbacks importantes aos seus colegas, de forma a estarem em equilíbrio defensivo permanente. Estes equilíbrios são extremamente dinâmicos e requerem muita concentração e comunicação.
Na próxima vez que virem o Barcelona, fixem-se na acção dos defesas centrais! Jogam muito “subidos”! São agressivos e fortes nos equilíbrios, tentando sempre jogar em antecipação para rapidamente ficar com a posse da bola e evitar que tenham que defender perto da sua área. É que assim os jogadores do meio campo e ataque não têm que percorrer grandes espaços! Esta equipa gosta é que corra… a bola!
Termino novamente com Puyol na citada entrevista, “aprendi a pensar em campo! É mais importante defender o espaço do que a bola…”

ORGANIZAÇÃO DO DEPARTAMENTO JUVENIL

08/01/2011: TARDE: Oradores: P e Mara

METOLOGIA DO TREINO

08/01/2011: Manhã: Estádio Municipal: Aula Prática
EXERCÍCIO:EXERCÍCIO EXAME
Sistema: 1:4:4:2
Momento: Organização Ofensiva (Posse)
Método ofensivo: Ataque Posicional (Organizado)/Ataque rápido
Fases: Construção do jogo ofensivo: Criação de situações de finalização: Finalização
Princípios: Progressão: Cobertura ofensiva: Mobilidade: Espaço
Objectivos Específicos
Melhorar a posse de bola e finalização
Melhorar a resistência
Melhorar a concentração
Espaço:Campo inteiro Tempo: 10´
Nº de jogadores: 12 Avaliação:
Forma: GR+0x10+GR
Organização:1 equipa(11)+1GR e bola
Explicação: Saída de bola do GR que escolhe o lateral a quem passar. O lateral circula a bola para o central e este para o outro central e este para o lateral (sector defensivo) com apoio sempre dum médio centro para criar uma linha de passe se for preciso.
Depois faz-se a transposição defesa-ataque.
Este lateral passa ao médio do seu corredor e desloca-se por trás deste e apoia o ataque em largura. Passa-se dum ataque organizado para um ataque rápido.
O médio com bola combina com o médio centro do seu lado e este coloca a bola na linha no lateral.
O lateral ao chegar à linha de fundo faz um cruzamento atrasado e rasteiro (para a entrada da grande área) onde aparece o avançado que remata de primeira para finalizar.
Variantes:1ª: Com equipa defensiva presssionante/2ª:Equipa defensiva que pode tirar a bola.
Critérios de êxito: Cada ataque finalizado vale um ponto.

ESQUEMA

Material: 1 bola: 2 balizas
João Nunes
Ricardo Castilho

PALESTRA

07/01/2011:Oradores: Gomes/André/Bandeirinha



METODOLOGIA DO TREINO

07/01/2011


PEP GUARDIOLA – SESSÃO DE TREINO

GR+8x8+GR com 1 Joker Ofensivo


                                     1-4-3-2-1 Carlo Ancelotti.003 

CARLO ANCELOTTI – “ÁRVORE DE NATAL” – ORGANIZAÇÃO OFENSIVA







quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

OBSERVAÇÃO

3/01/2011
Scouting

O Scout no futebol
Pela competitividade e equilíbrio que caracteriza o futebol atualmente, o técnico deve sempre buscar diferenciais que agreguem positivamente ao seu trabalho, transformando-os em resultados. Scout é uma palavra da língua inglesa que traduzida para o português significa explorador. E esse é o principal objetivo de um trabalho de Scout, explorar todas as possibilidades das equipes analisadas, encontrando pontos fortes e fracos nas mesmas.

Para montarmos um modelo de Scout devemos levar em conta três dimensões básicas:

- temporal: refere-se aos períodos de ocorrências dos eventos no jogo, tempo de realização das ações, tempo de posse bola, enfim, tudo que possa ser caracterizado em função do tempo;

- espacial: relacionar os eventos às regiões do campo, posicionamento das equipes com e sem bola, ou seja, todas as ações que possam ser relacionadas com o espaço de jogo;

- tarefa: tipo de ação ou fundamento realizado em determinada jogada, quantificando e qualificando os eventos ocorridos, caracterizando-os.

Devemos considerar também os padrões coletivos e a proposta de jogo da equipe analisada para podermos contextualizar os dados e compreendê-los de uma forma global.

O Scout também pode ser realizado de forma longitudinal (quando o realizamos analisando nossa própria equipe ao longo de uma seqüência de jogos numa temporada, por exemplo) ou transversal (quando é feita a análise do nosso próximo adversário baseado em um jogo). Temos que nos atentar para isso, pois são dois tipos de análises diferentes que possuem seus prós e contras.

Vejamos duas situações distintas para ilustrar os pontos contras:

- análise longitudinal: caso eu me baseie pela boa média de desarmes da minha equipe por partida, posso não reparar que ela diminuiu sua capacidade de desarme nos últimos cinco jogos;

- análise transversal: no jogo em que analiso meu adversário, não necessariamente ele realizará todos os movimentos coletivos que está habituado, ou então, jogará de acordo com aquele adversário do dia.

O trabalho de Scout é de grande valia para o treinador, mas este não pode se deixar enganar pelos números, e para isso devem estar montados de acordo com as necessidades e com a capacidade de intervenção dele no aspecto tático da equipe.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

NUTRICIONISMO

MEDICINA DESPORTIVA: NUTRICIONISMO

29-12-2010
NUTRICIONISMO



Assim como qualquer atleta, um jogador de futebol deve tomar muitos cuidados em relação à sua dieta e hábitos alimentares, pois, é o que ele come no dia-a-dia que fará grande diferença para o rendimento nos treinos, recuperação do corpo e energia nos dias de jogo.
Muitos pensam que independente do que comer, terá a mesma performance, porém esse é um grande erro. Basicamente, o futebolista deve seguir as recomendações de alimentação saudável (reeducação alimentar) para melhorar sua saúde, sistema imunológico, energia e recuperação, porém, existem alguns aspectos na dieta de um atleta que são diferentes do que de uma pessoa que não pratica o mesmo volume de exercícios do que ele.
Se o jogador não se organizar em relação à sua dieta e suplementação, poderá perder força, rendimento e velocidade dentro do campo.
A seguir, observe alguns tópicos da nutrição esportiva para o jogador de futebol: Carboidratos: esse nutriente em abundância é fundamental para o bom desempenho do jogador.
É o carboidrato o responsável pela energia, força e reserva nos músculos.
Então, o jogador deve fazer cerca de 6 refeições ao dia e todas devem contar carboidratos. Fontes: pães, cereais, arroz, macarrão, batata, mandioca, maltodextrina (usada pré e durante treinos), dextrose (usada após o treino ou jogo), biscoitos, massas, etc.
Proteínas: são elas que ajudam na reparação e manutenção da massa magra do jogador, muito importante, pois melhora a potência, boa forma e peso do atleta.
Não deve haver exagero no consumo desse nutriente, pois senão, o consumo de carboidratos ficará menor.
O ideal é o consumo de 1,4-1,6g de proteínas por kg de peso. Fontes: leite, queijos, carnes, aves, peixes e ovos.
Gorduras: todos os futebolistas necessitam de um pouco de gordura no cardápio, para uma adequada fabricação hormonal e um pouco de reserva de energia.
Eles deverão preferir as gorduras boas: azeite, abacate e castanhas.
Vitaminas e Minerais: Muitos atletas pecam nesses nutrientes, pois não gostam muito de frutas, legumes e verduras.
Tome cuidado, afinal, as vitaminas e os minerais são peças fundamentais no quebra-cabeça que é o metabolismo. Eles ajudam no fornecimento de energia, mantém a saúde e equilíbrio do corpo, nutrem ossos, dentes e músculos e atuam como coadjuvantes na fabricação de substâncias e hormônios importantes.
 Líquidos: Importantíssimos! Os futebolistas treinam intensamente todos os dias o que facilita a desidratação.
Um atleta desidratado é um atleta fracassado.
O ideal é ingerir líquidos durante o dia todo, em grandes quantidades, sejam eles: água mineral, água de coco, isotônicos e sucos naturais. Evitar refrigerantes e álcool! Suplementos: os suplementos mais indicados para jogadores são: maltodextrina, dextrose, hipercalóricos, BCAA, glutamina, creatina, whey protein e cafeína.
O uso de suplementos depende muito do objetivo e necessidade individual, então, só deverão ser usados sob prescrição de um nutricionista.
Outro fato importante: idade. Como existem futebolistas com menos de 18 anos, é importante a suplementação sempre ser feita sob orientação.
 Com essas alterações no cardápio, o futebolista irá sentir grande diferença em seu rendimento nos treinos e jogos, tornando-se assim, mais fácil ser um campeão!

MEDICINA DESPORTIVA

28-12-2010


sábado, 25 de dezembro de 2010

GESTOS TÉCNICOS DO GUARDA-REDES

Proposta metodológica para a formação
do jovem guarda-redes de futebol
 
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
(Portugal)
 

António Natalino Brasil 
natalinobrasil@hotmail.com
 


 

Resumo
    Em Portugal, o Futebol assume, sem dúvida, o lugar de modalidade principal nos mais variados aspectos. Contudo, verifica-se que esta dimensão não é acompanhada pela investigação, nomeadamente no que respeita à investigação sobre a formação e o treino do Guarda-redes.
    Nos dias de hoje o Guarda-redes não ocupa, apenas, aquele lugar entre os postes, e cuja única missão era deter os remates da equipa adversária. Com a evolução que o jogo sofreu ao longo dos últimos anos, as responsabilidades do Guarda-redes tem sofrido algumas alterações.
    No sentido de dar resposta a estas novas exigências impostas pelo jogo, torna-se fundamental dotar o Guarda-redes de capacidades que lhe permitam cumprir as suas novas funções de uma forma eficaz.
    O Guarda-redes (Gr) continua a ser resultado quase de uma geração espontânea e a sua formação continua a ser feita através de exercícios isolados da restante equipa, sendo apenas integrado quando a equipa realiza situações de jogo ou de "finalização".
    O meio de potencializar as capacidades no Guarda-redes é a sua formação desportiva. É este, pois, o objecto do nosso trabalho, a formação do Guarda-redes no Futebol moderno. Sabendo nós das dificuldade sentidas pelos clubes responsáveis por esta formação, nomeadamente a falta de pessoal especializado e equipas técnicas reduzidas em que raramente se disponibiliza alguém para este tipo de trabalho.
    Este documento, inserido no contexto referido atrás, tem como um dos seus objectivos realçar a importância da formação específica do Gr de Futebol. Este realce surge de uma revisão bibliográfica que conduziu à (1) caracterização do Gr no Futebol moderno, (2) diferenças entre exercícios específicos e especialização precoce, (3) caracterização do treino com jovens, (4) intervenção do treinador, (5) definição de gestos técnicos de base. Estes tópicos são fundamentais para a contextualização da formação ampla que se pretende dar e que vai de encontro ás novas exigências deste posto específico.
    Outros dos nossos objectivos é de propor alguns exercícios que permitam integrar a formação do Gr com a da restante equipa. Estes exercícios não pretendem dar respostas a todas as necessidades dos jovens praticantes, são apenas exemplos de operacionalização de uma metodologia, a nossa.
    Unitermos: Guarda-redes. Futebol. Treino.
Este trabalho foi realizado por António Natalino Brasil no âmbito da disciplina de Metodologia e Controlo do Treino, do quarto ano da Licenciatura em Educação Física e Desporto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, leccionada pela Doutor Jaime Sampaio.
 
 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 69 - Febrero de 2004

1 / 1 

I. Introdução
    "O jogo de futebol na actualidade é, indiscutivelmente a modalidade desportiva de maior impacto na sociedade, sendo resultado da sua popularidade e da sua universalidade. Todavia, é importante contrastar que a literatura do futebol, quer ao nível da bibliografia, quer ao nível de estudos de investigação aplicada, não ocupa um lugar tão primordial dentro do contexto desportivo, como o que é conferido ao próprio jogo. Esta constatação deve-se fundamentalmente ao abismo demasiado profundo entre a realidade actual do jogo e as fontes que procuram explicar a sua lógica interna." (Castelo, 1996)
    Em Portugal, o Futebol assume, sem dúvida, o lugar de modalidade principal nos mais variados aspectos. Contudo, verifica-se que esta dimensão não é acompanhada pela investigação, nomeadamente no que respeita à investigação sobre a formação e o treino do Guarda-redes.
    Assiste-se em Portugal, a uma discussão acesa sobre as novas metodologias de treino que são empregues nalgumas das principais do país, e aos resultados, que estas novas metodologias alcançam, quando em confronto com as metodologias ditas tradicionais.
    Este trabalho está direccionado para uma área do conhecimento muito pertinente, uma nova metodologia que visa treino desportivo com jovens, nomeadamente numa função específica do jogo de Futebol que é o Guarda-redes.

1.1 Delimitação do problema
    Quando se atenta e se envereda pela delimitação de um problema, qualquer que ele seja, procura-se, certamente, isolá-lo de forma clara, simples e completa a partir do objecto que o suscita. É alias da identificação prévia do problema que depende a sua própria solução (Brito, 1995).
    Nos dias de hoje o Gr não ocupa, apenas, aquele lugar entre os postes, e cuja única missão era deter os remates da equipa adversária. Com a evolução que o jogo sofreu ao longo dos últimos anos, as responsabilidades do Gr tem sofrido algumas alterações.
    No sentido de dar resposta a estas novas exigências impostas pelo jogo, torna-se fundamental dotar o Gr de capacidades que lhe permitam cumprir as suas novas funções de uma forma eficaz.
    O meio de potencializar as capacidades no Gr é a sua formação desportiva. É este, pois, o objecto do nosso trabalho, a formação do Gr no Futebol moderno. Sabendo nós das dificuldade sentidas pelos clubes responsáveis por esta formação, nomeadamente a falta de pessoal especializado e equipas técnicas reduzidas em que raramente se disponibiliza alguém para este tipo de trabalho.
    O Gr continua a ser resultado quase de uma geração espontânea e a sua formação continua a ser feita através de exercícios isolados da restante equipa, sendo apenas integrado quando a equipa realiza situações de jogo ou de "finalização".

1.2 Objectivos
    Este documento, inserido no contexto referido atrás, tem como um dos seus objectivos realçar a importância da formação especifica do Gr de Futebol. Este realce surge de uma revisão bibliográfica que conduziu à (1) caracterização do Gr no futebol moderno, (2) diferenças entre exercícios específicos e especialização precoce, (3) caracterização do treino com jovens, (4) intervenção do treinador, (5) definição de gestos técnicos de base. Estes tópicos são fundamentais para a contextualização da formação ampla que se pretende dar e que vai de encontro ás novas exigências deste posto especifico.
    Outros dos nossos objectivos é de propor alguns exercícios que permitam integrar a formação do Gr com a da restante equipa. Estes exercícios não pretendem dar respostas a todas as necessidades dos jovens praticantes, são apenas exemplos de operacionalização de uma metodologia, a nossa.

II. O Gr e o Futebol moderno
    Tal como a sociedade, o Futebol tem evoluído ao longo da sua história. À semelhança das outras modalidades desportivas colectivas, esta evolução atingiu, nos últimos anos, níveis muito acentuados devido ao desenvolvimento verificado nos diferentes factores que influenciam o rendimento no Futebol (Esteves, 2000).
    Para Cabezon (2001), um dos factores que mais influência o rendimento do Gr é o quadro regulamentar a que este está sujeito, isto é, as leis do jogo. As alterações a que as leis de jogo, referentes ao Gr, tem sido sujeitas atribuíram ao Gr mais responsabilidades e obrigações, contudo provocaram uma maior limitação na possibilidades de actuar do Gr.
    O Futebol de hoje, o denominado "Futebol moderno", teve a sua origem em Inglaterra no ano de 1863, contudo só em 1871 surge no código das leis de jogo a primeira referência ao Gr, sendo que durante estes anos a defesa da baliza era feita por qualquer dos jogadores intervenientes. A partir de 1912 o Gr deixou de poder jogar a bola com os membros superiores fora da área de protecção dos atacantes (Esteves, 2000).
    A regra dos quatros passos foi implementada mais tarde, por volta de 1991 (Cabezon, 2001). Em 1997 o Gr foi proibido de jogar a bola com as mãos quando esta é devolvida por algum dos companheiros com qualquer superfície corporal abaixo do joelho ou lançamento de linha lateral (Esteves, 2000)
    De acordo com Esteves (2000) estas alterações que o Futebol moderno sofreu, foram com o intuito de melhorar a qualidade de jogo, através do incremento do ritmo que é disputado.
    Segundo Cabezon (1997), os problemas técnico - táctico que as novas regras de jogo impõem, exigem um tipo de GR, em que a única missão não seja impedir o golo permanecendo entre os postes mas também que seja capaz de intervir na fase de ataque.
    Cabezon (1997) refere ainda que, o Gr moderno está obrigado a intervir no plano técnico - táctica e na organização geral da equipa quer no ataque, quer na defesa. Esta intervenção faz-se, por exemplo, com a solicitação frequente do jogo de pés (quando os seus companheiros se encontram pressionados pelo adversário) ou jogando como libero (dando profundidade ao sector defensivo).
    Perante este cenário, o Gr moderno terá de se adaptar, alterando os seus hábitos e apostar numa formação que vá de encontro às exigências das tarefas e funções que desempenha no Futebol moderno (Cabezon, 1997).

III. Diferença entre exercícios específicos e especialização precoce
    Cada vez mais no Futebol, pelas suas características e evolução constante (quer das leis de jogo, quer das distâncias e ritmo do jogo), surge a necessidade da especificidade do trabalho (exercício), direccionado para as diferentes funções tácticas e orientado pelos princípios que dão corpo ao modelo de jogo adoptado. Neste contexto, o Gr assume um papel fundamental. É uma função táctica com exigências especificas e concretas necessitando, deste modo, de uma formação especifica e direccionada para as exigências que lhe são solicitadas pelo jogo.
    Desde o momento que se iniciam na prática do Futebol, até atingirem um nível superior, os jovens futebolistas devem passar por um processo de formação coerente em que haja uma progressão da aprendizagem distribuída por diferentes etapas, com objectivos, estratégias e conteúdos adequados ás suas diferentes fases de desenvolvimento.(Pacheco, 2002)

3.1 Exercício especifico
    De acordo com Castelo e colaboradores (1996), o treino é todo o processo que a ele está inerente, e que visa, pelos seus efeitos, uma adaptação dos praticantes ás condições que lhe são impostas pela competição, de modo a assegurar:
  • Uma Eficiência máxima;
  • Com um dispêndio mínimo de energia;
  • Uma recuperação rápida.
    "O mais importante no treino é a selecção de exercícios e a execução dos que conduzem, sem falha, ao objectivo desejado" (Ozolin citado por Castelo e colaboradores,1996, pg.37).
    Assim sendo, exercício é em última análise, a estrutura base de todo o processo responsável pela elevação, manutenção e redução do rendimento dos praticantes. O seu efeito deve-se fundamentar numa repetição lógica, sistemática e organizada que permita desencadear e orientar uma linha de actividade especifica (lógica interna) e idêntica à modalidade desportiva que se quer aprender, aperfeiçoar e desenvolver (Castelo, 1996).
    Segundo Queiroz (1986) a especificidade do exercício provoca adaptações que são específicas ao tipo de exercício efectuado e não se limitam só a alterações fisiológicas, mas também implicações precisas dos factores técnicos, tácticos e psicológicos, e é o elemento principal requerido para obtenção do sucesso.
    Oliveira (1991) refere que a especificidade apenas faz sentido se houver uma permanente e constante relação entre as diferentes componentes psico - cognitivas, técnico - tácticas, físicas e coordenativas, em correlação permanente com o modelo de jogo adoptado e os princípios que lhe dão corpo.
    Ainda de acordo com o mesmo autor, a especificidade tem de passar a ser uma metodologia, uma forma de estar, essencialmente uma filosofia de treino, em que os objectivos e os conteúdos não basta serem situacionais, têm de que estar ligados a um processo em espiral que forma uma realidade muito própria. Assim sendo, não devemos encarar a especificidade como um fim em si mesmo, mas como uma forma de estruturação intimamente relacionada com o modelo de jogo, neste caso modelo de formação.
    A importância do exercício especifico surge reforçada quando se pretende racionalizar o tempo de treino. Isto é, no sentido de maximizar os efeitos do treino, dentro dos limites temporais do processo de treino(quatro a cinco horas semanais),surge a necessidade de estimular capacidades especificas variadas, e para o efeito o exercício especifico apresenta-se como a solução mais favorável.
    Neste sentido, é nossa convicção que na formação de um jovem para desempenhar a função de Gr é fundamental a utilização de exercícios específicos de modo a que este consiga desenvolver um conjunto de capacidades especificas que lhe permitam dar a melhor resposta perante o jogo.
    Apesar da aplicação dos exercícios específicos é possível que o seu desenvolvimento motor, cognitivo e social seja abrangente, apenas lhe direcciona a sua formação para desempenhar uma função táctica especifica.

3.2 Especialização Precoce
    No passado era frequente encontrar-mos situações em que eram aplicados modelos de treino a jovens praticantes como se estes se tratassem de adultos, com o objectivo de transformar esses jovens em pequenos campeões colocando em risco o desenvolvimento harmonioso do seu corpo e de uma potencial carreira desportiva. Aqui verifica-se uma clara especialização precoce em que o desenvolvimento desportivo do jovem não acompanha o seu desenvolvimento biológico.
    De acordo com Marques (1999) este tipo de especialização desportiva caracteriza-se por cargas de treino muito intensas, que promovem rápidos desenvolvimentos da prestação desportiva nas fases iniciais, mas que levam a um esgotamento prematuro da capacidade de rendimento, promovendo aquilo que se designa por barreiras de desenvolvimento.
    Segundo Añó (1997) a especialização precoce define a prática intensa, sistematizada e regular de crianças e jovens antes das idades consideradas normais. Este autor refere a especialização precoce como resultado da aplicação de sistemas de treino não adequados ou a utilização literal dos sistemas de treino dos adultos com crianças ou jovens. Ainda de acordo com este autor os períodos pubertário e pós-pubertário são indicados como as idades próprias para a especialização desportiva.

IV. Características metodológicas do treino com jovens
    O treino com crianças e jovens é algo não consensual dentro do mundo do desporto. Desde as idades de iniciação da prática desportiva nas diferentes modalidades, passando pelos chamados "períodos óptimos" para a estimulação e desenvolvimento das diversas capacidades ( coordenativas e condicionais), verifica-se que a opinião de vários autores não é consensual (Añó, 1997).
    Assim, neste capitulo pretendemos, caracterizar alguns aspectos de índole geral, sobre a conveniência do treino com crianças e jovens, algo necessário tanto do ponto vista da criação de um hábito desportivo próprio, como das idades de iniciação do treino e sobre as vantagens e desvantagens (riscos) do treino com crianças.

4.1 A idade de iniciação do treino com jovens
    De forma um pouco geral é necessário, em primeiro lugar, por a descoberto as dúvidas existentes no que diz respeito à idade de iniciação ou começo do treino de crianças. Este aspecto, segundo Añó (1997),"marcará a duração da vida desportiva da pessoa em questão e condicionará também, os conteúdos da planificação".
    Esta controvérsia é em parte motivada pelas diferenças entre uns desportos e outros; pelas próprias concepções do que deve ser o treino com jovens, segundo o campo profissional em que se movem uns e outros, fundamentalmente pedagogos e/ou treinadores.

4.2 Necessidade de um treino adequado
    De acordo com Añó (1997), o treino é absolutamente necessário nos jovens. Os responsáveis pelo treino com jovens não podem ignorar a escassez de prática desportiva oficial disponível nas escolas, isto é, a Educação Física não proporciona aos jovens uma actividade física regular em qualidade e quantidade suficientes para desenvolver nos jovens o hábito de prática desportiva, a efectividade da aprendizagem e para a resolução dos problemas motores.
    Deste modo, torna-se necessário prolongar a prática desportiva para horários extra lectivos (clubes), através do treino, no sentido de se detectar possíveis talentos desportivos, que através de um planeamento de treino consigam atingir o alto nível pelo desenvolvimento harmonioso das capacidades de rendimento especificas de cada modalidade (Añó, 1997). Assim, é de extrema importância que os jovens iniciem a actividade física nas idades apropriadas de acordo com os períodos sensíveis de cada capacidade de rendimento, sem contudo arriscar uma especialização precoce que de algum modo possa anular a capacidade de progressão posterior.
    Segundo Añó (1997) o treino deve estar de acordo com a faixa etária dos jovens, isto é, o treino com jovens deve ser generalizado e multidisciplinar de forma a maximizar as aprendizagens motoras resultantes.

4.3 O treino de crianças deve-se planificar a longo prazo
    De acordo com Añó (1997), o treino com crianças deve planificar-se a longo prazo, porque as crianças não podem alcançar o máximo rendimento em pouco tempo. O período de aprendizagem é demorado, inclusive nos desportos de alto rendimento com crianças (Ginástica).
    Buceta (2001) refere como absolutamente conveniente definir o tempo que queremos dedicar a cada um dos blocos de exercícios, ao longo de cada época, no microciclo ou mesmo na sessão de treino.
    Navarro, citado por Añó (1997), indica que se necessita de 6 a 10 anos para alcançar o alto rendimento desportivo, o que motiva que o treino com crianças se deva fazer tendo em conta esta perspectiva.
    Cuesta (2001), diz-nos que um dos erros mais comuns é o de dividir a prática dos adultos em fatias e ir ensinando-as progressivamente, juntando em cada etapa um novo pedaço, na expectativa que no final o jogo seja reproduzido e os jogadores saibam jogar correctamente. Este autor refere que a solução adequada é pegar na globalidade do jogo e adapta-la às diferentes idades do processo de formação do jovem.
    Cuesta (2001) propõe os seguintes elementos com determinantes para um modelo de planificação de treino com jovens, sendo fundamental que o treinador esteja consciente de que não existe uma solução única e universal e que se pode programar correctamente de várias maneiras :
  • Determinar etapas e fases que se adaptem ao momento evolutivo e que conduzam ao domínio do jogo através da obtenção de êxitos sucessivos;
  • Propor objectivos e conteúdos para cada fase;
  • Definir o momento de aplicação e a respectiva duração;
  • Seleccionar os métodos adequados;
  • Eleger as formas de avaliação;
  • Prever mecanismos de correcção e adaptação do processo.
    Segundo Añó (1997), a planificação a longo prazo não se operacionaliza facilmente porque normalmente os treinadores não passam mais de dois anos com as mesmas crianças, ao contrário do que por vezes acontece com os adultos, perdendo-se então a perspectiva de longo prazo do treino com jovens.

V. Intervenção do treinador
    Quem trabalha com jovens nunca se deve esquecer que eles estão a viver um processo de maturação física e mental, atravessando um momento importante da sua formação pessoal, não só desportiva como humana. Deste modo, o treinador de jovens tem de assumir um comportamento profissional, mesmo que não o seja, desenvolvendo um estilo de trabalho e de comportamento próprios e assumir as suas responsabilidades particulares. Não tem de imitar o treinador de atletas seniores ou de elite (Buceta, 2001).
    As tarefas do treinador de jovens são um desafio permanente, aliciante e ao mesmo tempo recompensador. Trata-se de uma oportunidade de moldar as vidas de muitos jovens dos quais alguns poderão vir a chegar a ser campeões mas muitos nunca conseguiram viver esse momento (Campbell, 1998). Deste modo, temos que ter consciência que, de todos os jovens que treinamos quando somos treinadores de formação, poucos chegaram a pertencer à elite do desporto, daí que seja bastante importante utilizar a prática desportiva também como meio de socialização e formador de Homens
    Outro aspecto importante para quem treina os jovens é o de compreender que cada atleta tem o seu próprio ritmo de progressão, pelo que o treinador tem de compreender bem o que está acontecer com cada um e aquilo que cada atleta precisa. Portanto é o treinador que tem de se adaptar aos atletas e não ao contrário (Buceta, 2001).
    O treinador tem de possuir uma motivação equilibrada, tem de ter paixão pelo trabalho que realiza, mas essa paixão tem de ser controlada. O treinador não é um adepto mas sim um especialista, um conhecedor profundo do que deve ser feito (Buceta, 2001).
    De acordo com Buceta (2001) a atitude construtiva dos treinadores de jovens deve reflectir-se em aspectos como os seguintes:
  • Criar um clima de trabalho agradável, em que predominem os desafios atractivos e realizáveis e os comentários positivos;
  • Admitir que os praticantes não são perfeitos e que, portanto, cometem erros, erros esses que fazem parte do seu processo formativo;
  • Assumir que não basta uma ou algumas explicações para que os atletas passem a fazer o que se pretende (as demonstrações são fundamentais), para além disso, é necessário um período de treino por vezes alargado para que os atletas assimilem a informação que recebem;
  • Compreender que cada atleta tem o seu próprio ritmo de aprendizagem e respeitar esse ritmo, ajudando-os a todos, sem menosprezar os que aprendem mais devagar ou com maior dificuldades;
  • Ter sempre uma perspectiva realista do que se pode e deve exigir aos atletas (não pedir mais do que eles podem fazer);
  • Dar valor e assinalar o esforço feito pelos atletas, mais do que os resultados que conseguiram obter;
  • Concentrar-se nos progressos dos atletas mais do que nos defeitos que ainda possuem e destacar sempre essa melhoria, em vez de recriminar os pontos fracos;
  • Ter paciência quando as coisas não forem realizadas como se esperava e dar ânimo aos atletas para tentem de novo;
  • Analisar objectivamente os erros dos atletas e as situações difíceis do processo de treino, sempre com o objectivo de alcançar conclusões produtivas; os erros e as situações difíceis são excelentes oportunidades para saber como estão as coisas, que aspectos se devem trabalhar mais ou que pormenores devem ser alterados;
  • Aconteça o que acontecer, tratar sempre os atletas com respeito e carinho.
    De acordo com outro autor, Styliano (1999) refere que o treinador deve estar ao serviço dos jovens e nunca servir-se deles para os seus intentos ou vaidades pessoais. Assim o autor sugere alguns pressupostos que devem orientar o treino com crianças ou jovens:
  • Formação, aprendizagem, paciência;
  • Respeito pela situação concreta de desenvolvimento de cada um;
  • Conduta exemplar, digna, para poder ser imitada pelos jovens;
  • Detecção de conflitos do jovem e procura de soluções correctas;
  • Estruturação dos exercícios a partir de situações iniciais mais simples para outras mais complexas;
  • Controlo da aprendizagem/progressão para saber sempre se está a ser devidamente compreendido, assimilado;
  • Apelar para a criatividade individual, deixar desenvolver o talento, por isso, nunca procurar a especialização precoce, antes porém, ir fazendo vários testes e registando as conclusões;
  • Os jovens devem ter sempre a cabeça levantada e procurarem corrigir falhas evidentes;
  • Todas as situações têm de ser apresentadas em forma de jogo/competição;
  • Criar uma ordem rigorosa, mas aceite com alegria (antes do jogador está o jovem como pessoa).
    Para além destas preocupações gerais para toda a equipa, à que dedicar uma atenção especial ao Gr, isto é, à forma como o treinador intervêm especificamente junto do Gr, dos momentos de feedback e sobre que aspectos incide esse feedback.
    A informação é transmitida sempre no inicio do exercício, através de 2 ou 3 critérios de êxito que serão a referência, não só para orientar o desempenho do jovem mas também a observação do treinador.
    Em cada momento de reorganização do exercício realiza-se um reforço ou uma redefinição dos critérios de êxito caso os primeiros estejam a ser atingidos com facilidade.
    No final do exercício realiza-se uma avaliação sobre o desempenho e uma ligação do exercício com o próprio jogo.

VI. Definição dos gestos técnicos de base do Guarda-redes de Futebol
Posição básica
    Para Ocaña (1997) o principal objectivo do Gr consiste em evitar que a bola ultrapasse a linha de golo. Para isso ele intervêm sobre a bola mediante a realização de acções técnicas especificas. Todas as acções técnicas tem o seu inicio numa posição fundamental assumida pelo Gr, e sem a qual seria muito difícil executar as acções técnicas de forma correcta.
    Para este autor a posição básica pode ser definida como a forma corporal assumida pelo Gr no sentido de facilitar a execução das acções técnicas posteriores com a máxima eficácia.
    É fundamental que a execução correcta da posição básica seja feita a partir de um correcto tónus muscular. Assim a cabeça deve encontrar-se erguida de forma a acompanhar a bola com o olhar, o tronco ligeiramente inclinado à frente, braços ligeiramente flectidos e à frente com as mãos à altura dos joelhos, pernas semiflectidas e afastadas formando uma boa base de sustentação, os pés podem assumir duas posições: (a) com toda a superfície plantar em contacto com o solo; (b) apenas a parte anterior contacta com o solo.(Ocaña, 1997) 


Fig. 1 - Superfície plantar para a adopção de uma correcta posição básica (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção
    Ocaña (1997) refere a recepção como a utilização dos membros superiores de modo a facilitar a posse ou o controlo da bola com as mãos ou os braços, reduzindo parcial ou totalmente a velocidade da bola.
    A recepção é classificada de acordo com a posição do Gr em relação à trajectória da bola, assim a recepção pode ser:

Recepção alta
    Realizada acima da linha dos ombros, sempre à frente ou sobre o eixo longitudinal corporal, e com os braços estendidos (Ocaña, 1997). Esta acção técnica pode ser executada em salto ou em apoio e sempre com os polegares juntos (mãos em forma de concha). 


Fig. 2 - Posição das mãos para a recepção alta (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção média
    Realizada entre a linha dos ombros e a linha da cintura, as mãos situam-se no plano frontal de forma a que o corpo constitua uma segunda barreira entre a bola e a baliza (Ocaña, 1997). 


Fig. 3 - Proteger sempre a bola com o corpo (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção baixa
    Segundo Ocaña (1997) esta acção técnica é realizada entre a linha da cintura e solo, com um joelho flectido e apoiado no chão, o tronco flectido à frente e com os braços estendidos(procura juntar os antebraços). 


Fig. 4 - Proteger sempre a bola com o corpo (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção em queda
    Realizada, com qualquer superfície corporal em contacto com o solo (queda lateral) à excepção dos apoios plantares. Com os braços estendidos, flexão e abdução da perna que entra em contacto com o solo e dedos das mãos afastados (Ocaña, 1997). Para maior segurança, no final da acção técnica, levar a bola ao peito pressionando-a com os braços, antebraços e mãos. 


Fig. 5 - Braços estendidos no prolongamento do corpo (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção com encaixe
    Para Ocaña (1997) a recepção com encaixe pode ser definido como a acção técnica que possibilita ao Gr a posse da bola através de uma única acção, reduzindo totalmente a velocidade da bola através do contacto desta contra o peito e a simultânea pressão realizada pelos antebraços e mãos contra o corpo do Gr. 


Fig. 6 - É importante que a acção dos braços e antebraços seja coordenada com o impacto da bola no peito(adaptado de Ocaña, 1997).
    A recepção com encaixe diferencia-se das outras acções técnicas por utilizar o peito como superfície corporal de na realização do gesto técnico.
    Esta acção técnica é classificada como:

Recepção com encaixe médio 


Fig. 7 - Encaixe médio (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção com encaixe em queda 


Fig. 8 - Encaixe em queda (adaptado de Ocaña, 1997).

Desvios
    De acordo com Ocaña (1997) os desvios são acções técnicas que consistem em modificar a trajectória e/ou o sentido da bola, dando-lhe uma direcção determinada com propósito defensivo.
    Os desvios podem ser classificados de acordo com a superfície de contacto com a bola, deste modo temos:
  • Desvios com a mão - realiza-se quando a bola descreve uma trajectória área, o contacto com a bola é precedido de um deslocamento frontal e nunca deve ser efectuado em apoio. Esta acção técnica deve ser utilizada quando a recepção da bola seja inadequada ou quando a sua posse não seja garantida.
  • Desvios com o pé - com o novo quadro de regulamentos esta acção técnica foi valorizada.
    Alguns dos erros mais comuns são desviar a bola para as zonas centrais e desviar a bola sem contudo a tirar do centro do jogo.

Colocação e orientação
    Para Cabezón (2001) a colocação do Gr é fundamental para o correcto desempenho da sua função táctica. O Gr deve modificar a sua colocação em função da direcção da bola, dos seus companheiros e dos seus adversários.
    O conceito de orientação do Gr surge quando este se desloca no terreno com o objectivo de intervir no jogo. Cabezón (2001) refere como pontos de referência para a orientação do Gr as esquinas da grande área, o semi-circulo da grande área e a marca da grande penalidade.
    Ocaña (1997) refere que a colocação e orientação do Gr quando a equipa se encontra em posse de bola deve ter em atenção:
  • Evitar abandonar as zonas centrais da grande área;
  • Situar-se no semi-circulo da sua grande área, com o objectivo de dar profundidade à sua linha defensiva.

Saídas
    Esta acção técnica é realizada pelo Gr quando saí da sua área de protecção no sentido intervir sobre a bola utilizando para tal um gesto técnico especifico (recepção ou desvios).
    A execução técnica da saída divide-se em dois momentos distintos, (a) o deslocamento e (b) a intervenção sobre a bola. A bola encontra-se na posse do adversário que a conduz na direcção da baliza. Na acção de condução de bola, diferencia-se dois momentos, (1) um em que a bola se encontra fora do controlo motor do atacante (2) e outro em que o jogador está em contacto com a bola. É pois, no primeiro momento (1) que o Gr deve intervir sobre a bola, de forma rápida e decidida. 


Fig. 9 - Momento da intervenção do Gr sobre a bola (adaptado de Ocaña, 1997).
    As saídas, com orientação defensiva, classificam-se de acordo com o tipo de deslocamento feito pelo Gr, assim temos:
  • Saída frontal - deslocamento frontal.
  • Saída lateral - deslocamento lateral.

Reposição de bola em jogo
    Ocaña (1997) define-a como a acção realizada pelo Gr em posse de bola com o objectivo de dar continuidade ao jogo. Em função da superfície corporal utilizada para a realização do gesto técnico, pode-se classificar a reposição de bola em jogo como reposição com o pé e reposição com a mão.

Reposição com o pé
    Para uma correcta execução deste tipo de reposição é fundamental que o Gr realize em simultâneo um deslocamento frontal e uma extensão completa do braço que lança a bola para o pé. 


Fig. 10 - Deslocamento frontal e extensão completa do braço que lança a bola para o pé (adaptado de Ocaña, 1997).
    Alguns dos erros mais comuns na realização da reposição de bola com o pé são:
  • Flectir o braço que lança a bola;
  • Executar a reposição para fora do terreno de jogo;
  • Realizar o gesto técnico a partir de uma posição estática.

Reposição com a mão
    Como critérios de execução para este gesto técnico o autor refere a extensão completa do braço e o olhar dirigido para a zona alvo. 


Fig. 11 - Extensão completa do braço e olhar dirigido para a zona alvo (adaptado de Ocaña, 1997).
    Alguns dos erros mais comuns na realização da reposição de bola com a mão são:
  • Flectir o braço que executa;
  • Realizar um lançamento de precisão em que a bola contacta com o solo antes de contactar com o jogador.

VII. Proposta metodológica de exercícios para os gestos técnicos de base.
Exercício 1 

Forma - fundamental III
Numero - Gr + 1 + (J) x 1 + Gr
Espaço - 35 x 20 metros
Preocupações - Saídas, recepções, colocação e orientação.
Descrição - jogo reduzido no sector central (35 x 20 metros) em que a equipa em posse de bola e em superioridade numérica, após realizar 5 passes consecutivos invade a área atacante adversária, e sem oposição tenta finalizar.

Exercício 2 

Forma - fundamental III
Numero - Gr + 1 (J) x 1 + Gr
Espaço - 35 x 20 metros
Preocupações - Saídas, recepções, colocação e orientação.
Descrição jogo reduzido no sector central (35 x 20 metros) em que a equipa em posse de bola e em superioridade numérica procura o golo com remates de fora da área tracejada.

Exercício 3 

Forma - fundamental III
Numero - Gr + 2 + (J) x 2 + Gr
Espaço - 30 x 30 metros
Preocupações - Saídas, recepções, colocação e orientação.
Descrição - jogo reduzido, em que não existe oposição nas faixas laterais, sendo obrigatório que o jogador em posse de bola e que nelas se encontre fazer cruzamento das zonas demarcadas. A equipa em posse de bola encontra-se em superioridade numérica.

Nota
    Estes exercícios são apenas um exemplo de uma metodologia de integração do treino de Gr no processo de treino de uma equipa de futebol. Não resolvem todos os problemas, mas puderam dar uma orientação ao trabalho realizado na formação do jovem Gr de Futebol.

Bibliografia
  • Añó, V. (1997); Planificación y Organización del Entrenamiento Juvenil; Editorial Gymnos; Madrid.
  • Brito, J. (1995); "A Decisão Técnico-Táctica no Jogador de Futebol, Estudo comparativo dos processos perceptivo-cognitivos inerentes à decisão técnico-táctica em sujeitos dos 12 aos 18 anos, federados e não federados em futebol", Monografia da Lic. em Ed. Física e desporto. UTAD, Vila Real.
  • Buceta, J. (2001), Comportamento do Treinador de Jovens no Treino; Seminário internacional Treino de Jovens "Melhores treinadores para uma melhor prática"; edições CEFD; Lisboa.
  • Cabezón, J. M. (2001), Proposta de un modelo de entrenamiento del portero de fútbol moderno; http://www.efdeportes.com/ Revista Digital Efdeportes - Buenos Aires - Año 7 - N° 38 - Julio de 2001
  • Campbell, S. (Junho, 1998); A função do treinador no desenvolvimento do jovem atleta; Revista Treino Desportivo Ano I, Nº 3, 3ª série.
  • Castelo, J. (1996); Futebol, a organização do jogo; edição do autor; Lisboa.
  • Castelo, J. e colaboradores (1998); Metodologia do Treino Desportivo; edições FMH; Lisboa.
  • Cuesta, J. G. (2001); Processos de aprendizagem - da iniciação à alta competição; seminário Internacional | "melhores treinadores para uma melhor prática"; Edições CEFD; Lisboa
  • Esteves, A. (2000); A importância do treino especifico no guarda-redes de futebol; Tese monográfica, Utad, Vila Real
  • Marques, A. (1999); Crianças e Adolescentes Atletas: entre a Escola e os Centro de Treino...entre os Centro de Treino e a Escola!; Seminário Internacional Treino com Jovens; edições CEFD; Lisboa.
  • Oliveira, J. (1991): Especificidade, o Pós - Futebol de Pré - Futebol. Um factor condicionante do alto rendimento desportivo.; Tese monográfica, FCDEF, Porto
  • Pacheco, R. (2002); Ensino do Futebol, Etapas a Percorrer; Revista Training nº 7; pag. 22 - 25.
  • Queiroz, C. (1986); Estrutura e Organização de Exercícios de Treino em Futebol; Federação Portuguesa de Futebol; Lisboa.
  • Styliano, A. (1999); Futebol juvenil - um diálogo, uma necessidade ou uma exigência do futuro?; Revista Training 0/bis/99


1ª fase: Saída curta ou em profundidade 

 A saída de bola pode ser feita em construção (saída curta), com a equipa a abrir em largura e em profundidade em linhas transversais e longitudinais.
A finalidade é sair a jogar para a bola entrar no meio-campo de forma a se poder preparar o jogo. Neste caso, temos um exemplo de saída curta com o guarda-redes, que pode endossar a bola aos defesas-centrais, laterais ou ao médio-defensivo que baixa para receber entre os centrais.
Pede-se aos companheiros de equipa que criem possibilidades de recepção para se manter a posse de bola.
Os passes directos entre laterais são desaconselhados por representarem linhas de perigo.
Os passes diagonais entre centrais e laterais representam uma linha segura.
A saída de bola pode também ser feita em profundidade.
Pode-se sair a jogar, através da defesa, de forma a que a bola entre directamente no ataque ou o próprio guarda-redes pode bater a bola longa, em zonas estratégicas (por exemplo: sobre a ala ou no ponta-de-lança).

2ª fase: Circulação de bola 
– criação de espaços
 O objectivo é criar abertura de espaços na estrutura defensiva adversária e tirar partido dessa desorganização defensiva para colocar a bola.
Neste momento, pede-se compactação ofensiva, ocupação espacial (campo grande), ocupar os corredores laterais e centrais, valorização da posse de bola, aparecimento de linhas de passe, triângulos, retirar a bola da zona de pressão, circulação da bola na horizontal, paciência, sem ansiedade, sem forçar o passe e, sempre exploração do lado fraco do adversário, executar o jogo vertical no momento adequado, buscar as diagonais, fazer o jogo posicional entre os jogadores. Seguem alguns exemplos:
 Os médios devem posicionar-se de forma a criar espaços (neste caso, avançam e arrastam os médios contrários, permitindo ao médio-defensivo receber sem marcação e virar-se de frente para o jogo; mas há muitas outras movimentações possíveis):