quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

NUTRICIONISMO

MEDICINA DESPORTIVA: NUTRICIONISMO

29-12-2010
NUTRICIONISMO



Assim como qualquer atleta, um jogador de futebol deve tomar muitos cuidados em relação à sua dieta e hábitos alimentares, pois, é o que ele come no dia-a-dia que fará grande diferença para o rendimento nos treinos, recuperação do corpo e energia nos dias de jogo.
Muitos pensam que independente do que comer, terá a mesma performance, porém esse é um grande erro. Basicamente, o futebolista deve seguir as recomendações de alimentação saudável (reeducação alimentar) para melhorar sua saúde, sistema imunológico, energia e recuperação, porém, existem alguns aspectos na dieta de um atleta que são diferentes do que de uma pessoa que não pratica o mesmo volume de exercícios do que ele.
Se o jogador não se organizar em relação à sua dieta e suplementação, poderá perder força, rendimento e velocidade dentro do campo.
A seguir, observe alguns tópicos da nutrição esportiva para o jogador de futebol: Carboidratos: esse nutriente em abundância é fundamental para o bom desempenho do jogador.
É o carboidrato o responsável pela energia, força e reserva nos músculos.
Então, o jogador deve fazer cerca de 6 refeições ao dia e todas devem contar carboidratos. Fontes: pães, cereais, arroz, macarrão, batata, mandioca, maltodextrina (usada pré e durante treinos), dextrose (usada após o treino ou jogo), biscoitos, massas, etc.
Proteínas: são elas que ajudam na reparação e manutenção da massa magra do jogador, muito importante, pois melhora a potência, boa forma e peso do atleta.
Não deve haver exagero no consumo desse nutriente, pois senão, o consumo de carboidratos ficará menor.
O ideal é o consumo de 1,4-1,6g de proteínas por kg de peso. Fontes: leite, queijos, carnes, aves, peixes e ovos.
Gorduras: todos os futebolistas necessitam de um pouco de gordura no cardápio, para uma adequada fabricação hormonal e um pouco de reserva de energia.
Eles deverão preferir as gorduras boas: azeite, abacate e castanhas.
Vitaminas e Minerais: Muitos atletas pecam nesses nutrientes, pois não gostam muito de frutas, legumes e verduras.
Tome cuidado, afinal, as vitaminas e os minerais são peças fundamentais no quebra-cabeça que é o metabolismo. Eles ajudam no fornecimento de energia, mantém a saúde e equilíbrio do corpo, nutrem ossos, dentes e músculos e atuam como coadjuvantes na fabricação de substâncias e hormônios importantes.
 Líquidos: Importantíssimos! Os futebolistas treinam intensamente todos os dias o que facilita a desidratação.
Um atleta desidratado é um atleta fracassado.
O ideal é ingerir líquidos durante o dia todo, em grandes quantidades, sejam eles: água mineral, água de coco, isotônicos e sucos naturais. Evitar refrigerantes e álcool! Suplementos: os suplementos mais indicados para jogadores são: maltodextrina, dextrose, hipercalóricos, BCAA, glutamina, creatina, whey protein e cafeína.
O uso de suplementos depende muito do objetivo e necessidade individual, então, só deverão ser usados sob prescrição de um nutricionista.
Outro fato importante: idade. Como existem futebolistas com menos de 18 anos, é importante a suplementação sempre ser feita sob orientação.
 Com essas alterações no cardápio, o futebolista irá sentir grande diferença em seu rendimento nos treinos e jogos, tornando-se assim, mais fácil ser um campeão!

MEDICINA DESPORTIVA

28-12-2010


sábado, 25 de dezembro de 2010

GESTOS TÉCNICOS DO GUARDA-REDES

Proposta metodológica para a formação
do jovem guarda-redes de futebol
 
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
(Portugal)
 

António Natalino Brasil 
natalinobrasil@hotmail.com
 


 

Resumo
    Em Portugal, o Futebol assume, sem dúvida, o lugar de modalidade principal nos mais variados aspectos. Contudo, verifica-se que esta dimensão não é acompanhada pela investigação, nomeadamente no que respeita à investigação sobre a formação e o treino do Guarda-redes.
    Nos dias de hoje o Guarda-redes não ocupa, apenas, aquele lugar entre os postes, e cuja única missão era deter os remates da equipa adversária. Com a evolução que o jogo sofreu ao longo dos últimos anos, as responsabilidades do Guarda-redes tem sofrido algumas alterações.
    No sentido de dar resposta a estas novas exigências impostas pelo jogo, torna-se fundamental dotar o Guarda-redes de capacidades que lhe permitam cumprir as suas novas funções de uma forma eficaz.
    O Guarda-redes (Gr) continua a ser resultado quase de uma geração espontânea e a sua formação continua a ser feita através de exercícios isolados da restante equipa, sendo apenas integrado quando a equipa realiza situações de jogo ou de "finalização".
    O meio de potencializar as capacidades no Guarda-redes é a sua formação desportiva. É este, pois, o objecto do nosso trabalho, a formação do Guarda-redes no Futebol moderno. Sabendo nós das dificuldade sentidas pelos clubes responsáveis por esta formação, nomeadamente a falta de pessoal especializado e equipas técnicas reduzidas em que raramente se disponibiliza alguém para este tipo de trabalho.
    Este documento, inserido no contexto referido atrás, tem como um dos seus objectivos realçar a importância da formação específica do Gr de Futebol. Este realce surge de uma revisão bibliográfica que conduziu à (1) caracterização do Gr no Futebol moderno, (2) diferenças entre exercícios específicos e especialização precoce, (3) caracterização do treino com jovens, (4) intervenção do treinador, (5) definição de gestos técnicos de base. Estes tópicos são fundamentais para a contextualização da formação ampla que se pretende dar e que vai de encontro ás novas exigências deste posto específico.
    Outros dos nossos objectivos é de propor alguns exercícios que permitam integrar a formação do Gr com a da restante equipa. Estes exercícios não pretendem dar respostas a todas as necessidades dos jovens praticantes, são apenas exemplos de operacionalização de uma metodologia, a nossa.
    Unitermos: Guarda-redes. Futebol. Treino.
Este trabalho foi realizado por António Natalino Brasil no âmbito da disciplina de Metodologia e Controlo do Treino, do quarto ano da Licenciatura em Educação Física e Desporto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, leccionada pela Doutor Jaime Sampaio.
 
 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 69 - Febrero de 2004

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I. Introdução
    "O jogo de futebol na actualidade é, indiscutivelmente a modalidade desportiva de maior impacto na sociedade, sendo resultado da sua popularidade e da sua universalidade. Todavia, é importante contrastar que a literatura do futebol, quer ao nível da bibliografia, quer ao nível de estudos de investigação aplicada, não ocupa um lugar tão primordial dentro do contexto desportivo, como o que é conferido ao próprio jogo. Esta constatação deve-se fundamentalmente ao abismo demasiado profundo entre a realidade actual do jogo e as fontes que procuram explicar a sua lógica interna." (Castelo, 1996)
    Em Portugal, o Futebol assume, sem dúvida, o lugar de modalidade principal nos mais variados aspectos. Contudo, verifica-se que esta dimensão não é acompanhada pela investigação, nomeadamente no que respeita à investigação sobre a formação e o treino do Guarda-redes.
    Assiste-se em Portugal, a uma discussão acesa sobre as novas metodologias de treino que são empregues nalgumas das principais do país, e aos resultados, que estas novas metodologias alcançam, quando em confronto com as metodologias ditas tradicionais.
    Este trabalho está direccionado para uma área do conhecimento muito pertinente, uma nova metodologia que visa treino desportivo com jovens, nomeadamente numa função específica do jogo de Futebol que é o Guarda-redes.

1.1 Delimitação do problema
    Quando se atenta e se envereda pela delimitação de um problema, qualquer que ele seja, procura-se, certamente, isolá-lo de forma clara, simples e completa a partir do objecto que o suscita. É alias da identificação prévia do problema que depende a sua própria solução (Brito, 1995).
    Nos dias de hoje o Gr não ocupa, apenas, aquele lugar entre os postes, e cuja única missão era deter os remates da equipa adversária. Com a evolução que o jogo sofreu ao longo dos últimos anos, as responsabilidades do Gr tem sofrido algumas alterações.
    No sentido de dar resposta a estas novas exigências impostas pelo jogo, torna-se fundamental dotar o Gr de capacidades que lhe permitam cumprir as suas novas funções de uma forma eficaz.
    O meio de potencializar as capacidades no Gr é a sua formação desportiva. É este, pois, o objecto do nosso trabalho, a formação do Gr no Futebol moderno. Sabendo nós das dificuldade sentidas pelos clubes responsáveis por esta formação, nomeadamente a falta de pessoal especializado e equipas técnicas reduzidas em que raramente se disponibiliza alguém para este tipo de trabalho.
    O Gr continua a ser resultado quase de uma geração espontânea e a sua formação continua a ser feita através de exercícios isolados da restante equipa, sendo apenas integrado quando a equipa realiza situações de jogo ou de "finalização".

1.2 Objectivos
    Este documento, inserido no contexto referido atrás, tem como um dos seus objectivos realçar a importância da formação especifica do Gr de Futebol. Este realce surge de uma revisão bibliográfica que conduziu à (1) caracterização do Gr no futebol moderno, (2) diferenças entre exercícios específicos e especialização precoce, (3) caracterização do treino com jovens, (4) intervenção do treinador, (5) definição de gestos técnicos de base. Estes tópicos são fundamentais para a contextualização da formação ampla que se pretende dar e que vai de encontro ás novas exigências deste posto especifico.
    Outros dos nossos objectivos é de propor alguns exercícios que permitam integrar a formação do Gr com a da restante equipa. Estes exercícios não pretendem dar respostas a todas as necessidades dos jovens praticantes, são apenas exemplos de operacionalização de uma metodologia, a nossa.

II. O Gr e o Futebol moderno
    Tal como a sociedade, o Futebol tem evoluído ao longo da sua história. À semelhança das outras modalidades desportivas colectivas, esta evolução atingiu, nos últimos anos, níveis muito acentuados devido ao desenvolvimento verificado nos diferentes factores que influenciam o rendimento no Futebol (Esteves, 2000).
    Para Cabezon (2001), um dos factores que mais influência o rendimento do Gr é o quadro regulamentar a que este está sujeito, isto é, as leis do jogo. As alterações a que as leis de jogo, referentes ao Gr, tem sido sujeitas atribuíram ao Gr mais responsabilidades e obrigações, contudo provocaram uma maior limitação na possibilidades de actuar do Gr.
    O Futebol de hoje, o denominado "Futebol moderno", teve a sua origem em Inglaterra no ano de 1863, contudo só em 1871 surge no código das leis de jogo a primeira referência ao Gr, sendo que durante estes anos a defesa da baliza era feita por qualquer dos jogadores intervenientes. A partir de 1912 o Gr deixou de poder jogar a bola com os membros superiores fora da área de protecção dos atacantes (Esteves, 2000).
    A regra dos quatros passos foi implementada mais tarde, por volta de 1991 (Cabezon, 2001). Em 1997 o Gr foi proibido de jogar a bola com as mãos quando esta é devolvida por algum dos companheiros com qualquer superfície corporal abaixo do joelho ou lançamento de linha lateral (Esteves, 2000)
    De acordo com Esteves (2000) estas alterações que o Futebol moderno sofreu, foram com o intuito de melhorar a qualidade de jogo, através do incremento do ritmo que é disputado.
    Segundo Cabezon (1997), os problemas técnico - táctico que as novas regras de jogo impõem, exigem um tipo de GR, em que a única missão não seja impedir o golo permanecendo entre os postes mas também que seja capaz de intervir na fase de ataque.
    Cabezon (1997) refere ainda que, o Gr moderno está obrigado a intervir no plano técnico - táctica e na organização geral da equipa quer no ataque, quer na defesa. Esta intervenção faz-se, por exemplo, com a solicitação frequente do jogo de pés (quando os seus companheiros se encontram pressionados pelo adversário) ou jogando como libero (dando profundidade ao sector defensivo).
    Perante este cenário, o Gr moderno terá de se adaptar, alterando os seus hábitos e apostar numa formação que vá de encontro às exigências das tarefas e funções que desempenha no Futebol moderno (Cabezon, 1997).

III. Diferença entre exercícios específicos e especialização precoce
    Cada vez mais no Futebol, pelas suas características e evolução constante (quer das leis de jogo, quer das distâncias e ritmo do jogo), surge a necessidade da especificidade do trabalho (exercício), direccionado para as diferentes funções tácticas e orientado pelos princípios que dão corpo ao modelo de jogo adoptado. Neste contexto, o Gr assume um papel fundamental. É uma função táctica com exigências especificas e concretas necessitando, deste modo, de uma formação especifica e direccionada para as exigências que lhe são solicitadas pelo jogo.
    Desde o momento que se iniciam na prática do Futebol, até atingirem um nível superior, os jovens futebolistas devem passar por um processo de formação coerente em que haja uma progressão da aprendizagem distribuída por diferentes etapas, com objectivos, estratégias e conteúdos adequados ás suas diferentes fases de desenvolvimento.(Pacheco, 2002)

3.1 Exercício especifico
    De acordo com Castelo e colaboradores (1996), o treino é todo o processo que a ele está inerente, e que visa, pelos seus efeitos, uma adaptação dos praticantes ás condições que lhe são impostas pela competição, de modo a assegurar:
  • Uma Eficiência máxima;
  • Com um dispêndio mínimo de energia;
  • Uma recuperação rápida.
    "O mais importante no treino é a selecção de exercícios e a execução dos que conduzem, sem falha, ao objectivo desejado" (Ozolin citado por Castelo e colaboradores,1996, pg.37).
    Assim sendo, exercício é em última análise, a estrutura base de todo o processo responsável pela elevação, manutenção e redução do rendimento dos praticantes. O seu efeito deve-se fundamentar numa repetição lógica, sistemática e organizada que permita desencadear e orientar uma linha de actividade especifica (lógica interna) e idêntica à modalidade desportiva que se quer aprender, aperfeiçoar e desenvolver (Castelo, 1996).
    Segundo Queiroz (1986) a especificidade do exercício provoca adaptações que são específicas ao tipo de exercício efectuado e não se limitam só a alterações fisiológicas, mas também implicações precisas dos factores técnicos, tácticos e psicológicos, e é o elemento principal requerido para obtenção do sucesso.
    Oliveira (1991) refere que a especificidade apenas faz sentido se houver uma permanente e constante relação entre as diferentes componentes psico - cognitivas, técnico - tácticas, físicas e coordenativas, em correlação permanente com o modelo de jogo adoptado e os princípios que lhe dão corpo.
    Ainda de acordo com o mesmo autor, a especificidade tem de passar a ser uma metodologia, uma forma de estar, essencialmente uma filosofia de treino, em que os objectivos e os conteúdos não basta serem situacionais, têm de que estar ligados a um processo em espiral que forma uma realidade muito própria. Assim sendo, não devemos encarar a especificidade como um fim em si mesmo, mas como uma forma de estruturação intimamente relacionada com o modelo de jogo, neste caso modelo de formação.
    A importância do exercício especifico surge reforçada quando se pretende racionalizar o tempo de treino. Isto é, no sentido de maximizar os efeitos do treino, dentro dos limites temporais do processo de treino(quatro a cinco horas semanais),surge a necessidade de estimular capacidades especificas variadas, e para o efeito o exercício especifico apresenta-se como a solução mais favorável.
    Neste sentido, é nossa convicção que na formação de um jovem para desempenhar a função de Gr é fundamental a utilização de exercícios específicos de modo a que este consiga desenvolver um conjunto de capacidades especificas que lhe permitam dar a melhor resposta perante o jogo.
    Apesar da aplicação dos exercícios específicos é possível que o seu desenvolvimento motor, cognitivo e social seja abrangente, apenas lhe direcciona a sua formação para desempenhar uma função táctica especifica.

3.2 Especialização Precoce
    No passado era frequente encontrar-mos situações em que eram aplicados modelos de treino a jovens praticantes como se estes se tratassem de adultos, com o objectivo de transformar esses jovens em pequenos campeões colocando em risco o desenvolvimento harmonioso do seu corpo e de uma potencial carreira desportiva. Aqui verifica-se uma clara especialização precoce em que o desenvolvimento desportivo do jovem não acompanha o seu desenvolvimento biológico.
    De acordo com Marques (1999) este tipo de especialização desportiva caracteriza-se por cargas de treino muito intensas, que promovem rápidos desenvolvimentos da prestação desportiva nas fases iniciais, mas que levam a um esgotamento prematuro da capacidade de rendimento, promovendo aquilo que se designa por barreiras de desenvolvimento.
    Segundo Añó (1997) a especialização precoce define a prática intensa, sistematizada e regular de crianças e jovens antes das idades consideradas normais. Este autor refere a especialização precoce como resultado da aplicação de sistemas de treino não adequados ou a utilização literal dos sistemas de treino dos adultos com crianças ou jovens. Ainda de acordo com este autor os períodos pubertário e pós-pubertário são indicados como as idades próprias para a especialização desportiva.

IV. Características metodológicas do treino com jovens
    O treino com crianças e jovens é algo não consensual dentro do mundo do desporto. Desde as idades de iniciação da prática desportiva nas diferentes modalidades, passando pelos chamados "períodos óptimos" para a estimulação e desenvolvimento das diversas capacidades ( coordenativas e condicionais), verifica-se que a opinião de vários autores não é consensual (Añó, 1997).
    Assim, neste capitulo pretendemos, caracterizar alguns aspectos de índole geral, sobre a conveniência do treino com crianças e jovens, algo necessário tanto do ponto vista da criação de um hábito desportivo próprio, como das idades de iniciação do treino e sobre as vantagens e desvantagens (riscos) do treino com crianças.

4.1 A idade de iniciação do treino com jovens
    De forma um pouco geral é necessário, em primeiro lugar, por a descoberto as dúvidas existentes no que diz respeito à idade de iniciação ou começo do treino de crianças. Este aspecto, segundo Añó (1997),"marcará a duração da vida desportiva da pessoa em questão e condicionará também, os conteúdos da planificação".
    Esta controvérsia é em parte motivada pelas diferenças entre uns desportos e outros; pelas próprias concepções do que deve ser o treino com jovens, segundo o campo profissional em que se movem uns e outros, fundamentalmente pedagogos e/ou treinadores.

4.2 Necessidade de um treino adequado
    De acordo com Añó (1997), o treino é absolutamente necessário nos jovens. Os responsáveis pelo treino com jovens não podem ignorar a escassez de prática desportiva oficial disponível nas escolas, isto é, a Educação Física não proporciona aos jovens uma actividade física regular em qualidade e quantidade suficientes para desenvolver nos jovens o hábito de prática desportiva, a efectividade da aprendizagem e para a resolução dos problemas motores.
    Deste modo, torna-se necessário prolongar a prática desportiva para horários extra lectivos (clubes), através do treino, no sentido de se detectar possíveis talentos desportivos, que através de um planeamento de treino consigam atingir o alto nível pelo desenvolvimento harmonioso das capacidades de rendimento especificas de cada modalidade (Añó, 1997). Assim, é de extrema importância que os jovens iniciem a actividade física nas idades apropriadas de acordo com os períodos sensíveis de cada capacidade de rendimento, sem contudo arriscar uma especialização precoce que de algum modo possa anular a capacidade de progressão posterior.
    Segundo Añó (1997) o treino deve estar de acordo com a faixa etária dos jovens, isto é, o treino com jovens deve ser generalizado e multidisciplinar de forma a maximizar as aprendizagens motoras resultantes.

4.3 O treino de crianças deve-se planificar a longo prazo
    De acordo com Añó (1997), o treino com crianças deve planificar-se a longo prazo, porque as crianças não podem alcançar o máximo rendimento em pouco tempo. O período de aprendizagem é demorado, inclusive nos desportos de alto rendimento com crianças (Ginástica).
    Buceta (2001) refere como absolutamente conveniente definir o tempo que queremos dedicar a cada um dos blocos de exercícios, ao longo de cada época, no microciclo ou mesmo na sessão de treino.
    Navarro, citado por Añó (1997), indica que se necessita de 6 a 10 anos para alcançar o alto rendimento desportivo, o que motiva que o treino com crianças se deva fazer tendo em conta esta perspectiva.
    Cuesta (2001), diz-nos que um dos erros mais comuns é o de dividir a prática dos adultos em fatias e ir ensinando-as progressivamente, juntando em cada etapa um novo pedaço, na expectativa que no final o jogo seja reproduzido e os jogadores saibam jogar correctamente. Este autor refere que a solução adequada é pegar na globalidade do jogo e adapta-la às diferentes idades do processo de formação do jovem.
    Cuesta (2001) propõe os seguintes elementos com determinantes para um modelo de planificação de treino com jovens, sendo fundamental que o treinador esteja consciente de que não existe uma solução única e universal e que se pode programar correctamente de várias maneiras :
  • Determinar etapas e fases que se adaptem ao momento evolutivo e que conduzam ao domínio do jogo através da obtenção de êxitos sucessivos;
  • Propor objectivos e conteúdos para cada fase;
  • Definir o momento de aplicação e a respectiva duração;
  • Seleccionar os métodos adequados;
  • Eleger as formas de avaliação;
  • Prever mecanismos de correcção e adaptação do processo.
    Segundo Añó (1997), a planificação a longo prazo não se operacionaliza facilmente porque normalmente os treinadores não passam mais de dois anos com as mesmas crianças, ao contrário do que por vezes acontece com os adultos, perdendo-se então a perspectiva de longo prazo do treino com jovens.

V. Intervenção do treinador
    Quem trabalha com jovens nunca se deve esquecer que eles estão a viver um processo de maturação física e mental, atravessando um momento importante da sua formação pessoal, não só desportiva como humana. Deste modo, o treinador de jovens tem de assumir um comportamento profissional, mesmo que não o seja, desenvolvendo um estilo de trabalho e de comportamento próprios e assumir as suas responsabilidades particulares. Não tem de imitar o treinador de atletas seniores ou de elite (Buceta, 2001).
    As tarefas do treinador de jovens são um desafio permanente, aliciante e ao mesmo tempo recompensador. Trata-se de uma oportunidade de moldar as vidas de muitos jovens dos quais alguns poderão vir a chegar a ser campeões mas muitos nunca conseguiram viver esse momento (Campbell, 1998). Deste modo, temos que ter consciência que, de todos os jovens que treinamos quando somos treinadores de formação, poucos chegaram a pertencer à elite do desporto, daí que seja bastante importante utilizar a prática desportiva também como meio de socialização e formador de Homens
    Outro aspecto importante para quem treina os jovens é o de compreender que cada atleta tem o seu próprio ritmo de progressão, pelo que o treinador tem de compreender bem o que está acontecer com cada um e aquilo que cada atleta precisa. Portanto é o treinador que tem de se adaptar aos atletas e não ao contrário (Buceta, 2001).
    O treinador tem de possuir uma motivação equilibrada, tem de ter paixão pelo trabalho que realiza, mas essa paixão tem de ser controlada. O treinador não é um adepto mas sim um especialista, um conhecedor profundo do que deve ser feito (Buceta, 2001).
    De acordo com Buceta (2001) a atitude construtiva dos treinadores de jovens deve reflectir-se em aspectos como os seguintes:
  • Criar um clima de trabalho agradável, em que predominem os desafios atractivos e realizáveis e os comentários positivos;
  • Admitir que os praticantes não são perfeitos e que, portanto, cometem erros, erros esses que fazem parte do seu processo formativo;
  • Assumir que não basta uma ou algumas explicações para que os atletas passem a fazer o que se pretende (as demonstrações são fundamentais), para além disso, é necessário um período de treino por vezes alargado para que os atletas assimilem a informação que recebem;
  • Compreender que cada atleta tem o seu próprio ritmo de aprendizagem e respeitar esse ritmo, ajudando-os a todos, sem menosprezar os que aprendem mais devagar ou com maior dificuldades;
  • Ter sempre uma perspectiva realista do que se pode e deve exigir aos atletas (não pedir mais do que eles podem fazer);
  • Dar valor e assinalar o esforço feito pelos atletas, mais do que os resultados que conseguiram obter;
  • Concentrar-se nos progressos dos atletas mais do que nos defeitos que ainda possuem e destacar sempre essa melhoria, em vez de recriminar os pontos fracos;
  • Ter paciência quando as coisas não forem realizadas como se esperava e dar ânimo aos atletas para tentem de novo;
  • Analisar objectivamente os erros dos atletas e as situações difíceis do processo de treino, sempre com o objectivo de alcançar conclusões produtivas; os erros e as situações difíceis são excelentes oportunidades para saber como estão as coisas, que aspectos se devem trabalhar mais ou que pormenores devem ser alterados;
  • Aconteça o que acontecer, tratar sempre os atletas com respeito e carinho.
    De acordo com outro autor, Styliano (1999) refere que o treinador deve estar ao serviço dos jovens e nunca servir-se deles para os seus intentos ou vaidades pessoais. Assim o autor sugere alguns pressupostos que devem orientar o treino com crianças ou jovens:
  • Formação, aprendizagem, paciência;
  • Respeito pela situação concreta de desenvolvimento de cada um;
  • Conduta exemplar, digna, para poder ser imitada pelos jovens;
  • Detecção de conflitos do jovem e procura de soluções correctas;
  • Estruturação dos exercícios a partir de situações iniciais mais simples para outras mais complexas;
  • Controlo da aprendizagem/progressão para saber sempre se está a ser devidamente compreendido, assimilado;
  • Apelar para a criatividade individual, deixar desenvolver o talento, por isso, nunca procurar a especialização precoce, antes porém, ir fazendo vários testes e registando as conclusões;
  • Os jovens devem ter sempre a cabeça levantada e procurarem corrigir falhas evidentes;
  • Todas as situações têm de ser apresentadas em forma de jogo/competição;
  • Criar uma ordem rigorosa, mas aceite com alegria (antes do jogador está o jovem como pessoa).
    Para além destas preocupações gerais para toda a equipa, à que dedicar uma atenção especial ao Gr, isto é, à forma como o treinador intervêm especificamente junto do Gr, dos momentos de feedback e sobre que aspectos incide esse feedback.
    A informação é transmitida sempre no inicio do exercício, através de 2 ou 3 critérios de êxito que serão a referência, não só para orientar o desempenho do jovem mas também a observação do treinador.
    Em cada momento de reorganização do exercício realiza-se um reforço ou uma redefinição dos critérios de êxito caso os primeiros estejam a ser atingidos com facilidade.
    No final do exercício realiza-se uma avaliação sobre o desempenho e uma ligação do exercício com o próprio jogo.

VI. Definição dos gestos técnicos de base do Guarda-redes de Futebol
Posição básica
    Para Ocaña (1997) o principal objectivo do Gr consiste em evitar que a bola ultrapasse a linha de golo. Para isso ele intervêm sobre a bola mediante a realização de acções técnicas especificas. Todas as acções técnicas tem o seu inicio numa posição fundamental assumida pelo Gr, e sem a qual seria muito difícil executar as acções técnicas de forma correcta.
    Para este autor a posição básica pode ser definida como a forma corporal assumida pelo Gr no sentido de facilitar a execução das acções técnicas posteriores com a máxima eficácia.
    É fundamental que a execução correcta da posição básica seja feita a partir de um correcto tónus muscular. Assim a cabeça deve encontrar-se erguida de forma a acompanhar a bola com o olhar, o tronco ligeiramente inclinado à frente, braços ligeiramente flectidos e à frente com as mãos à altura dos joelhos, pernas semiflectidas e afastadas formando uma boa base de sustentação, os pés podem assumir duas posições: (a) com toda a superfície plantar em contacto com o solo; (b) apenas a parte anterior contacta com o solo.(Ocaña, 1997) 


Fig. 1 - Superfície plantar para a adopção de uma correcta posição básica (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção
    Ocaña (1997) refere a recepção como a utilização dos membros superiores de modo a facilitar a posse ou o controlo da bola com as mãos ou os braços, reduzindo parcial ou totalmente a velocidade da bola.
    A recepção é classificada de acordo com a posição do Gr em relação à trajectória da bola, assim a recepção pode ser:

Recepção alta
    Realizada acima da linha dos ombros, sempre à frente ou sobre o eixo longitudinal corporal, e com os braços estendidos (Ocaña, 1997). Esta acção técnica pode ser executada em salto ou em apoio e sempre com os polegares juntos (mãos em forma de concha). 


Fig. 2 - Posição das mãos para a recepção alta (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção média
    Realizada entre a linha dos ombros e a linha da cintura, as mãos situam-se no plano frontal de forma a que o corpo constitua uma segunda barreira entre a bola e a baliza (Ocaña, 1997). 


Fig. 3 - Proteger sempre a bola com o corpo (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção baixa
    Segundo Ocaña (1997) esta acção técnica é realizada entre a linha da cintura e solo, com um joelho flectido e apoiado no chão, o tronco flectido à frente e com os braços estendidos(procura juntar os antebraços). 


Fig. 4 - Proteger sempre a bola com o corpo (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção em queda
    Realizada, com qualquer superfície corporal em contacto com o solo (queda lateral) à excepção dos apoios plantares. Com os braços estendidos, flexão e abdução da perna que entra em contacto com o solo e dedos das mãos afastados (Ocaña, 1997). Para maior segurança, no final da acção técnica, levar a bola ao peito pressionando-a com os braços, antebraços e mãos. 


Fig. 5 - Braços estendidos no prolongamento do corpo (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção com encaixe
    Para Ocaña (1997) a recepção com encaixe pode ser definido como a acção técnica que possibilita ao Gr a posse da bola através de uma única acção, reduzindo totalmente a velocidade da bola através do contacto desta contra o peito e a simultânea pressão realizada pelos antebraços e mãos contra o corpo do Gr. 


Fig. 6 - É importante que a acção dos braços e antebraços seja coordenada com o impacto da bola no peito(adaptado de Ocaña, 1997).
    A recepção com encaixe diferencia-se das outras acções técnicas por utilizar o peito como superfície corporal de na realização do gesto técnico.
    Esta acção técnica é classificada como:

Recepção com encaixe médio 


Fig. 7 - Encaixe médio (adaptado de Ocaña, 1997).

Recepção com encaixe em queda 


Fig. 8 - Encaixe em queda (adaptado de Ocaña, 1997).

Desvios
    De acordo com Ocaña (1997) os desvios são acções técnicas que consistem em modificar a trajectória e/ou o sentido da bola, dando-lhe uma direcção determinada com propósito defensivo.
    Os desvios podem ser classificados de acordo com a superfície de contacto com a bola, deste modo temos:
  • Desvios com a mão - realiza-se quando a bola descreve uma trajectória área, o contacto com a bola é precedido de um deslocamento frontal e nunca deve ser efectuado em apoio. Esta acção técnica deve ser utilizada quando a recepção da bola seja inadequada ou quando a sua posse não seja garantida.
  • Desvios com o pé - com o novo quadro de regulamentos esta acção técnica foi valorizada.
    Alguns dos erros mais comuns são desviar a bola para as zonas centrais e desviar a bola sem contudo a tirar do centro do jogo.

Colocação e orientação
    Para Cabezón (2001) a colocação do Gr é fundamental para o correcto desempenho da sua função táctica. O Gr deve modificar a sua colocação em função da direcção da bola, dos seus companheiros e dos seus adversários.
    O conceito de orientação do Gr surge quando este se desloca no terreno com o objectivo de intervir no jogo. Cabezón (2001) refere como pontos de referência para a orientação do Gr as esquinas da grande área, o semi-circulo da grande área e a marca da grande penalidade.
    Ocaña (1997) refere que a colocação e orientação do Gr quando a equipa se encontra em posse de bola deve ter em atenção:
  • Evitar abandonar as zonas centrais da grande área;
  • Situar-se no semi-circulo da sua grande área, com o objectivo de dar profundidade à sua linha defensiva.

Saídas
    Esta acção técnica é realizada pelo Gr quando saí da sua área de protecção no sentido intervir sobre a bola utilizando para tal um gesto técnico especifico (recepção ou desvios).
    A execução técnica da saída divide-se em dois momentos distintos, (a) o deslocamento e (b) a intervenção sobre a bola. A bola encontra-se na posse do adversário que a conduz na direcção da baliza. Na acção de condução de bola, diferencia-se dois momentos, (1) um em que a bola se encontra fora do controlo motor do atacante (2) e outro em que o jogador está em contacto com a bola. É pois, no primeiro momento (1) que o Gr deve intervir sobre a bola, de forma rápida e decidida. 


Fig. 9 - Momento da intervenção do Gr sobre a bola (adaptado de Ocaña, 1997).
    As saídas, com orientação defensiva, classificam-se de acordo com o tipo de deslocamento feito pelo Gr, assim temos:
  • Saída frontal - deslocamento frontal.
  • Saída lateral - deslocamento lateral.

Reposição de bola em jogo
    Ocaña (1997) define-a como a acção realizada pelo Gr em posse de bola com o objectivo de dar continuidade ao jogo. Em função da superfície corporal utilizada para a realização do gesto técnico, pode-se classificar a reposição de bola em jogo como reposição com o pé e reposição com a mão.

Reposição com o pé
    Para uma correcta execução deste tipo de reposição é fundamental que o Gr realize em simultâneo um deslocamento frontal e uma extensão completa do braço que lança a bola para o pé. 


Fig. 10 - Deslocamento frontal e extensão completa do braço que lança a bola para o pé (adaptado de Ocaña, 1997).
    Alguns dos erros mais comuns na realização da reposição de bola com o pé são:
  • Flectir o braço que lança a bola;
  • Executar a reposição para fora do terreno de jogo;
  • Realizar o gesto técnico a partir de uma posição estática.

Reposição com a mão
    Como critérios de execução para este gesto técnico o autor refere a extensão completa do braço e o olhar dirigido para a zona alvo. 


Fig. 11 - Extensão completa do braço e olhar dirigido para a zona alvo (adaptado de Ocaña, 1997).
    Alguns dos erros mais comuns na realização da reposição de bola com a mão são:
  • Flectir o braço que executa;
  • Realizar um lançamento de precisão em que a bola contacta com o solo antes de contactar com o jogador.

VII. Proposta metodológica de exercícios para os gestos técnicos de base.
Exercício 1 

Forma - fundamental III
Numero - Gr + 1 + (J) x 1 + Gr
Espaço - 35 x 20 metros
Preocupações - Saídas, recepções, colocação e orientação.
Descrição - jogo reduzido no sector central (35 x 20 metros) em que a equipa em posse de bola e em superioridade numérica, após realizar 5 passes consecutivos invade a área atacante adversária, e sem oposição tenta finalizar.

Exercício 2 

Forma - fundamental III
Numero - Gr + 1 (J) x 1 + Gr
Espaço - 35 x 20 metros
Preocupações - Saídas, recepções, colocação e orientação.
Descrição jogo reduzido no sector central (35 x 20 metros) em que a equipa em posse de bola e em superioridade numérica procura o golo com remates de fora da área tracejada.

Exercício 3 

Forma - fundamental III
Numero - Gr + 2 + (J) x 2 + Gr
Espaço - 30 x 30 metros
Preocupações - Saídas, recepções, colocação e orientação.
Descrição - jogo reduzido, em que não existe oposição nas faixas laterais, sendo obrigatório que o jogador em posse de bola e que nelas se encontre fazer cruzamento das zonas demarcadas. A equipa em posse de bola encontra-se em superioridade numérica.

Nota
    Estes exercícios são apenas um exemplo de uma metodologia de integração do treino de Gr no processo de treino de uma equipa de futebol. Não resolvem todos os problemas, mas puderam dar uma orientação ao trabalho realizado na formação do jovem Gr de Futebol.

Bibliografia
  • Añó, V. (1997); Planificación y Organización del Entrenamiento Juvenil; Editorial Gymnos; Madrid.
  • Brito, J. (1995); "A Decisão Técnico-Táctica no Jogador de Futebol, Estudo comparativo dos processos perceptivo-cognitivos inerentes à decisão técnico-táctica em sujeitos dos 12 aos 18 anos, federados e não federados em futebol", Monografia da Lic. em Ed. Física e desporto. UTAD, Vila Real.
  • Buceta, J. (2001), Comportamento do Treinador de Jovens no Treino; Seminário internacional Treino de Jovens "Melhores treinadores para uma melhor prática"; edições CEFD; Lisboa.
  • Cabezón, J. M. (2001), Proposta de un modelo de entrenamiento del portero de fútbol moderno; http://www.efdeportes.com/ Revista Digital Efdeportes - Buenos Aires - Año 7 - N° 38 - Julio de 2001
  • Campbell, S. (Junho, 1998); A função do treinador no desenvolvimento do jovem atleta; Revista Treino Desportivo Ano I, Nº 3, 3ª série.
  • Castelo, J. (1996); Futebol, a organização do jogo; edição do autor; Lisboa.
  • Castelo, J. e colaboradores (1998); Metodologia do Treino Desportivo; edições FMH; Lisboa.
  • Cuesta, J. G. (2001); Processos de aprendizagem - da iniciação à alta competição; seminário Internacional | "melhores treinadores para uma melhor prática"; Edições CEFD; Lisboa
  • Esteves, A. (2000); A importância do treino especifico no guarda-redes de futebol; Tese monográfica, Utad, Vila Real
  • Marques, A. (1999); Crianças e Adolescentes Atletas: entre a Escola e os Centro de Treino...entre os Centro de Treino e a Escola!; Seminário Internacional Treino com Jovens; edições CEFD; Lisboa.
  • Oliveira, J. (1991): Especificidade, o Pós - Futebol de Pré - Futebol. Um factor condicionante do alto rendimento desportivo.; Tese monográfica, FCDEF, Porto
  • Pacheco, R. (2002); Ensino do Futebol, Etapas a Percorrer; Revista Training nº 7; pag. 22 - 25.
  • Queiroz, C. (1986); Estrutura e Organização de Exercícios de Treino em Futebol; Federação Portuguesa de Futebol; Lisboa.
  • Styliano, A. (1999); Futebol juvenil - um diálogo, uma necessidade ou uma exigência do futuro?; Revista Training 0/bis/99


1ª fase: Saída curta ou em profundidade 

 A saída de bola pode ser feita em construção (saída curta), com a equipa a abrir em largura e em profundidade em linhas transversais e longitudinais.
A finalidade é sair a jogar para a bola entrar no meio-campo de forma a se poder preparar o jogo. Neste caso, temos um exemplo de saída curta com o guarda-redes, que pode endossar a bola aos defesas-centrais, laterais ou ao médio-defensivo que baixa para receber entre os centrais.
Pede-se aos companheiros de equipa que criem possibilidades de recepção para se manter a posse de bola.
Os passes directos entre laterais são desaconselhados por representarem linhas de perigo.
Os passes diagonais entre centrais e laterais representam uma linha segura.
A saída de bola pode também ser feita em profundidade.
Pode-se sair a jogar, através da defesa, de forma a que a bola entre directamente no ataque ou o próprio guarda-redes pode bater a bola longa, em zonas estratégicas (por exemplo: sobre a ala ou no ponta-de-lança).

2ª fase: Circulação de bola 
– criação de espaços
 O objectivo é criar abertura de espaços na estrutura defensiva adversária e tirar partido dessa desorganização defensiva para colocar a bola.
Neste momento, pede-se compactação ofensiva, ocupação espacial (campo grande), ocupar os corredores laterais e centrais, valorização da posse de bola, aparecimento de linhas de passe, triângulos, retirar a bola da zona de pressão, circulação da bola na horizontal, paciência, sem ansiedade, sem forçar o passe e, sempre exploração do lado fraco do adversário, executar o jogo vertical no momento adequado, buscar as diagonais, fazer o jogo posicional entre os jogadores. Seguem alguns exemplos:
 Os médios devem posicionar-se de forma a criar espaços (neste caso, avançam e arrastam os médios contrários, permitindo ao médio-defensivo receber sem marcação e virar-se de frente para o jogo; mas há muitas outras movimentações possíveis):

MEDICINA DESPORTIVA:LESÕES NO FUTEBOL

LESÕES
-Fraturas;
-Pubalgia;
-Roturas musculares;
-Roturas dos ligamentos do joelho;
-Entorses;
-Estiramentos e distenções

Fratura Exposta

O que é uma fratura exposta?
Geralmente vemos as pessoas leigas contarem que alguém sofreu uma fratura exposta, relacionando-a a um caso muito grave, ou quando ocorre uma deformidade muito grande do membro afetado. Na verdade, a fratura é considerada exposta quando o osso ao quebrar perfura a pele, entra em contato com o ambiente (podendo entrar em contato com terra, grama, asfalto, dependendo do local em que a pessoa estava ao fraturar o osso), restando um ferimento na pele, de tamanho variável, com ou sem osso exposto. Isto porque muitas vezes o osso perfura a pele e volta para seu envólucro tecidual, confundindo quem atende a urgência, que pode pensar tratar-se de um simples ferimento, bastando suturá-lo, quando o mais correto seria operar a fratura, abrindo, limpando toda a sujeira encontrada, desde a abertura da pele até o osso, e fixando, se possível, o osso.
A fratura exposta é classificada em vários graus, desde um pequeno ferimento na pele de menos de 1 cm, até o caso mais grave, com ruptura de vasos e nervos do membro afetado.
O que mais importa para o traumatologista (e para qualquer pessoa que atender uma fratura exposta) é o grau de lesão dos tecidos moles (vasos, nervos, músculos, pele) pois nada adianta termos na frente uma fratura simples, fácil de fixar na teoria, se a pele estiver macerada, ou se houver perda de cobertura muscular, ou ainda se um ou mais nervos responsáveis pelo comando motor e/ou sensibilidade do membro estiver roto, ou até mesmo se uma lesão da artéria principal (que nutre o membro) tiver ocorrido. Estes fatores é que na verdade vão predizer a gravidade e o potencial de recuperação do membro comprometido.
Quando presenciarmos um caso destes, após chamarmos uma equipe de socorro, caso vejamos uma ferida com grande sangramento, não devemos garrotear o membro e sim fazer compressão no ferimento para tentar estancar o sangramento. Depois a equipe especializada em resgate fará o resto.

A pubalgia é uma lesão frequente na prática de qualquer actividade desportiva.

 Esta lesão origina-se na zona abdominal e é caracterizada por dores intensas após a actividade física.
O osso da púbis é um dos ossos da bacia pélvica que oferece sustentação aos órgãos abdominais. A dor originada na púbis tem diversas causas, como por exemplo, o treino intenso o que provoca inflamação e dor.
A Prevenção envolve programação dos treinos por especialistas dando atenção especial ao equilíbrio articular e muscular da pelve.
O Tratamento baseia-se no repouso, anti-inflamatórios e fisioterapia.

Distensões 

As distensões ocorrem, normalmente, em situações de grande esforço muscular explosivo, em curtos períodos de tempo.
Quando a força sobre o músculo excede a sua resistência natural pode haver ruptura, como em casos de sobrecarga durante a tracção muscular excêntrica.
As distensões costumam ocorrer nos músculos que movimentam duas articulações, como os músculos posteriores da coxa, que flexionam o joelho e estendem a articulação dos quadris.
Podem ser classificadas de acordo com o grau da ruptura: o primeiro e segundo graus envolvem ruptura parcial, e o terceiro refere-se a rupturas completas ou separação.
-Sintomas
1.Dor aguda no momento da lesão e durante a contracção do músculo.
2.Em rupturas parciais, a dor resultante pode inibir a contracção muscular. Em rupturas completas, os músculos são incapazes de se contrair por questões mecânicas.
3.Em rupturas parciais, algumas vezes é possível palpar o defeito muscular durante o exame. Em rupturas completas, o defeito pode ser palpado ao longo de todo o ventre muscular (semelhante a um pequeno tumor).
4.Sensibilidade e inchaço localizados são frequentes na região afectada.

-Cicatrização

Quando um músculo é excessivamente distendido, as fibras musculares e os vasos sanguíneos rompem-se. As extremidades rompidas retraem-se, e a área lesada é preenchida por sangue. No inicio, haverá inflamação e, em seguida, reabsorção do sangue. O reparo envolve a formação de novas fibras musculares (regeneração) e, simultaneamente, produção de tecido cicatricial (tecido de granulação).
Deste modo, é importante que, após a lesão, o paciente siga um programa de reabilitação a longo prazo.




Entorse do Tornozelo - Prevenção e Tratamento
As entorses do tornozelo constituem das lesões desportivas mais comuns no futebol, sendo entendidas como uma rotura dos ligamentos (o tecido elástico resistente que liga os ossos entre si). Costumam ocorrer quando o pé roda para fora, fazendo com que a planta do pé fique virada para o outro pé, sendo a mais comum a entorse externa, em grande parte devido à anatomia óssea. Como principais factores de risco temos os ligamentos frouxos no tornozelo, músculos fracos, as lesões dos nervos da perna, o terreno em mau estado e condições do calçado (por exemplo pitons das botas gastos), constituindo um aumento do risco de entorse.
A gravidade da entorse depende do grau de estiramento ou de rotura dos ligamentos. Numa entorse ligeira (grau 1), os ligamentos podem estirar-se, mas de facto não se dilaceram, não costuma doer ou inchar em demasia, contudo, uma torção ligeira aumenta o risco de uma lesão recorrente. Numa entorse moderada (grau 2), os ligamentos rompem-se parcialmente. A inflamação e os hematomas são frequentes. Em geral, é dolorosa e torna-se difícil andar. Na entorse grave (grau 3), os ligamentos dilaceram-se completamente, causando inchaço e por vezes hemorragia sob a pele e fractura óssea.
O tratamento depende da gravidade da entorse. Em geral, as torções ligeiras tratam-se envolvendo o tornozelo e o pé com uma ligadura elástica, aplicação de gelo na zona, elevando o tornozelo(método RICE), à medida que os ligamentos se curam, aumenta-se de forma gradual o número de exercícios de elasticidade e reforço muscular. Nas entorses moderadas usa-se habitualmente um apoio/tala de gesso que imobiliza a parte inferior da perna. Nas lesões graves, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica, mas existe controvérsia sobre este tipo de cirurgia, pois a reconstrução cirúrgica não é mais eficaz que o tratamento sem cirurgia. Numa fase posterior é necessário elaborar um plano de tratamentos por forma restabelecer o movimento, fortalecer os músculos e melhorar o equilíbrio e resposta neuro-muscular, antes de voltar à actividade desportiva.
Os atletas cujos tornozelos se torcem com facilidade, o melhor tratamento é a prevenção, pois podem evitar as lesões a fazendo sempre um bom aquecimento e acima de tudo utilizando ligaduras funcionais/pés elásticos, sendo ainda fundamental a minimização dos factores de risco.

MEDICINA DESPORTIVA

22/12/2010
PRIMEIROS SOCORROS




Posição Lateral de Segurança

Excepto nos casos de suspeita de fractura da coluna vertebral ou do pescoço, vire o corpo da vítima inconsciente, mas ainda a respirar, para a posição lateral de segurança, o que impedirá que sangue, saliva ou a língua obstruam as vias respiratórias.
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Como colocar uma vítima na posição lateral de segurança

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1.Ajolhe-se ao lado da vítima, volte-lhe a cabeça para si e incline-a para trás para lhe abrir as vias respiratórias.
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2.Estenda ao longo do corpo da vítima o braço que ficar mais perto de si. cruze o outro braço sobre o peito. Cruze a perna mais afastada sobre a que está mais próxima.

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3.Ampare a cabeça da vítima com uma das mãos e com a outra agarre-a pela anca mais afastada.

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4.Vire a vítima de bruços, puxando-a rapidamente para si e amparando-a com os joelhos.

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5.Puxe a testa da vítima para trás, de modo a que a garganta fique direita. Assim, as vias respiratórias manter-se-ão desimpedidas, o que permite que a vítima respire livremente..

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6.Dobre o braço que fica mais próximo de si para lhe sustentar o tronco. Dobre a perna mais próxima para servir de apoio ao abdómen. Retire o outro braço de debaixo do corpo.

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7.Telefone para providenciar uma ambulância. (112)

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Se a vítima for pesada
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Agarre-a pela roupa à altura das ancas com ambas as mãos e vire-lhe o corpo contra os seus joelhos. Se possível peça ajuda a uma segunda pessoa para que ampare a cabeça da vítima enquanto faz rolar o corpo.
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Quando há fractura de um braço ou de uma perna
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Quando há fractura de um braço ou de uma perna ou por qualquer motivo esse membro não puder ser utilizado como apoio da vítima na posição lateral de segurança, coloque um cobertor enrolado debaixo do lado ileso da vítima, o que elevará o corpo desse lado e deixará as vias respiratórias desimpedidas.

PALESTRA

20/12/2010

PALESTRA
VITOR FRADE: F.C.PORTO
VITOR FRADE

METODOLOGIA DE TREINO: TREINO DO GUARDA-REDES




METODOLOGIA DE TREINO: TREINO DE GUARDA-REDES

18/12/2010

TREINADORES DOS GUARDA-REDES DO F.C.PORTO
WIL COORT: FCP Equipa Principal
DANIEL CORREIA FCP Camadas Jovens FCP
ATRASO DE BOLA AO GUARDA-REDES


2 TIPOS DE GUARDA-REDES
1º GUARDA-REDES REACÇÃO
2º GUARDA-REDES ANTECIPAÇÃO

Posicionamento lateral: Quando a jogada se desenrola pela lateral

No Remate o Guarda-Redes deve dar um pequeno passe à frente para defender

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CAPACIDADES MOTORAS: PLANEAMENTO E PERIODIZAÇÃO DO TREINO

Planeamento e periodização do treino
Pressupostos do planeamento:
- Avaliação prévia
- Avaliação dos jogadores e da equipa
- Informações sobre as condições de treino
- Definição dos objectivos específicos
- Calendário competitivo
Periodização do treino
- Períodos (Objectivos)
- Duração (anual; periódica; semanal; diária)
Planeamento e periodização do treino
Pressupostos do planeamento:
- Avaliação prévia
- Diagnóstico
- prognóstico
- Avaliação dos jogadores e da equipa
Características dos jogadores:
- quem são?
- Como são?
- como estão?
- quantos são?
Planeamento e periodização do treino
Pressupostos do planeamento:
Informações sobre as condições de treino:
Recursos materiais;
Recursos humanos;
Apoio logístico;
Recursos económicos;
Tempo de preparação
Definição dos objectivos específicos:
Objectivos; (grandes metas, objectivos intermédios; hierarquização dos objectivos)
Caracterização dos adversários.
- Calendário competitivo:
Caracterização do quadro competitivo;
Planeamento e periodização do treino
Periodização do treino
- Períodos (Objectivos)

- Duração (anual; periódica; semanal; diária)

PLANIFICAÇÃO DO TREINO A LONGO PRAZO


Passos para confeccionar um plano a longo prazo
1-Umas linhas breves sobre os aspectos mais significativos do rendimento no desporto e qualquer outra informação relevante.
2-Objectivos gerais do plano claramente especificados.
3-Objectivos específicos das diferentes etapas de treino que compõem o plano.
4-Determinar as características qualitativas básicas de treino em cada etapa.
5-Determinar as características quantitativas do treino em cada etapa.
6-Apresentar um modelo de periodização característica por cada etapa de treino.
7-Apresentar os testes e controles de cada etapa que permitirão controlar o desenrolar do plano.
8-Planificar o tipo e frequência do controle médico.
Determinação das etapas (PLP)
O número e a duração das etapas deve ser planeado de acordo com:
- critérios de maturação
- evolução do rendimento segundo a idade
- características da especialidade
Cada etapa deve ter objectivos específicos e características de treino próprias
As idades das diferentes etapas dependem dos factores de rendimento da especialidade
Planeamento e periodização do treino
Periodização do treino
Raul Oliveira: Como opção a este tipo de periodização convencional surgiu, principalmente, na última década um tipo de periodização que considero mais pertinente e mais adaptada aos reais problemas e necessidades do futebol, esta é apelidada de "periodização táctica" e segundo Carvalhal (2003) a mesma destaca-se por: Dar primado é a contextualização.
A componente táctica surge como o núcleo central de preparação.
O Modelo de Jogo Adoptado impõe uma coordenatividade muito própria, estando subjugada à dimensão táctica as restantes dimensões, técnica ,física e psicológica.
O princípio da Especificidade é quem dirige a Periodização Táctica.
O meio de operacionalizar o Modelo de Jogo são os exercícios Específicos. Exercícios desenvolvidos com Intensidade em concentração, de acordo com o Modelo de Jogo Adoptado, estes, serão o meio mais eficaz para adquirir uma forte relação entre mente e hábito.
A operacionalizaçãodo do treino reclama a utilização de exercícios Específicos desde o primeiro dia.
Planeamento e periodização do treino
Periodização do treino
Impõe-se uma inversão no binómio Volume-Intensidade, a Intensidade é quem "comanda", e o Volume, é o somatório de fracções de máxima intensidade (Volume da qualidade) de acordo com o Modelo de Jogo Adoptado.
Esta periodização reclama o Princípio da Estabilização, de forma a permitir os Patamares de Rendibilidade
A Estabilização da Forma Desportiva consegue-se com base na estruturação de um determinado microciclo, onde o grau de desgaste semanal seja similar de semana para semana.
A estrutura básica do microciclo deve manter-se (os momentos de treino, a duração, etc), o que leva a uma estabilização de rendimento.
Faz sentido falar em forma desportiva colectiva. Esta, está ligada ao jogar (bem) de acordo com o Modelo de Jogo Adoptado, a referência que serve como indicador é "jogar melhor".
São várias as diferenças que separam a periodização convencional da periodização táctica, como poderemos confirmar através dos gráficos seguintes:
Planeamento e periodização do treino
São várias as diferenças que separam a periodização convencional da periodização táctica, como poderemos confirmar através dos gráficos seguintes:

 

Unidade de treino
Época____________ Escalão_________ Sessão____________ Data___________
Local_________________ hora________________

Objectivo (dominante): _______________________________________________________________________
Recursos materiais:
________________________________________________________________________

MICROCICLO




MACROCICLO



PLANO ANUAL:

MACROCICLO

MESOCICLO

MICROCICLO

SISTEMA:


CAPACIDADES MOTORAS: COORDENAÇÃO

CAPACIDADES COORDENATIVAS

IMPORTÂNCIA DAS CAPACIDADES COORDENATIVAS

O jogo de futebol e naturalmente cada um dos jogadores são confrontados com uma grande diversidade de informações e complexidade de situações com ou sem bola que justificam uma interacção entre o sistema perceptivo e a velocidade de reacção ou resposta motora. Assim, toma-se cada vez mais importante o trabalho a desenvolver no domínio da velocidade de reacção, na selecção e tratamento das informações e no controlo dos deslocamentos.
O jogador de elevada capacidade revela-se, cada vez mais, através da sua capacidade de antecipar as decisões, na capacidade de orientação face à movimentação dos adversários ou à trajectória da bola ou na condução rápida da bola à custa de um elevado grau de automatismos (não sendo por isso necessário olhar para ela). Estas capacidades que designamos por coordenativas podem e devem ser desenvolvidas no futebol, contribuindo, desta forma, para uma maior disponibilidade do jogador do ponto de vista mental, cognitivo, consubstanciada numa maior velocidade de reacção, de execução e, mesmo, eficácia


CAPACIDADES COORDENATIVAS
Em termos globais, são capacidades que permitem coordenar os gestos motores mais complexos, utilizar racionalmente as habilidades motoras adquiridas e adaptá-las rapidamente às novas situações. Estas capacidades permitem executar movimentos de forma coordenada, eficaz e precisa, de acordo com tarefas e objectivos propostos, tanto em situações previsíveis como imprevisíveis. Podemos, também, relacionar as capacidades coordenativas com uma maior facilidade e rapidez na aprendizagem motora ou, ainda, na regulação eficaz da tensão muscular quer no tempo, quer no espaço.
Carvalho (1987), ao abordar o conceito de capacidades coordenativas afirmava o seguinte: "As capacidades , coordenativas são essencialmente determinadas pelas componentes onde predominam os processos de condução do sistema nervoso central
CAPACIDADES COORDENATIVAS
O domínio técnico de qualquer gesto ou movimento específico de uma modalidade desportiva implica um certo nível de aperfeiçoamento, sendo condicionado por factores como a percepção, a tomada de decisão até à execução propriamente dita. Aqui, entram as capacidades coordenativas já que permitem ao jogador realizar movimentos ou acções com maior precisão, economia e eficácia. As capacidades coordenativas assumem três funções fundamentais:
-Como um elemento que condiciona a vida em geral;
-Como um factor condicionante da aprendizagem motora;
-Como um factor determinante do alto rendimento desportivo.
Em termos gerais, qualquer praticante desportivo que se apresente com um nível de capacidades coordenativas desenvolvidas, responderá bem melhor às condições de treino ou de competição, adaptando-se às situações inesperadas impostas pelos adversários, pelos companheiros ou mesmo pelas condições materiais e ambientais.
CAPACIDADES COORDENATIVAS

Capacidade de Diferenciação
Segundo Sanchez Banuelos et al (1995) pode definir-se como" a capacidade de se atingir uma coordenação muita fina na realização de acções motoras, manifestando-se com grande exactidão e economia no movimento global.
É uma capacidade extremamente importante nas disciplinas técnicas mas, igualmente importante para o futebol, na medida em que permite uma maior precisão nas acções motoras específicas do jogo, bem como, na execução dos gestos técnicos. É, portanto, a faculdade de controlar as informações provenientes dos músculos, de seleccionar as mais importantes e dosear a força a aplicar.
CAPACIDADES COORDENATIVAS

Capacidade de Orientação
É a faculdade do jogador se aperceber das modificações espaciais em função de acções decorrentes do jogo, permitindo determinar a posição e os movimentos do corpo no espaço e no tempo relativamente a um campo de acção e/ou um objecto (bola) em movimento.
São muitos os exemplos que encontramos durante o jogo de futebol e que permitem evidenciar a importância desta capacidade: desde a movimentação dos companheiros de equipa, dos adversários e da circulação da bola, a decisão sobre o momento óptimo para rematar à baliza, uma saída do guarda-redes ao encontro da bola ou do adversário, a posição dos companheiros e adversários nas situações de bola parada até à ocupação racional do espaço de jogo.
CAPACIDADES COORDENATIVAS

Capacidade de Reacção
É a capacidade de analisar qualquer situação e de reagir rápida e correctamente a determinados estímulos, permitindo realizar acções motoras em resposta a um sinal pré-determinado ou mesmo imprevisível, de forma rápida e oportuna.
No futebol predominam as reacções complexas, associadas a movimentações repentinas dos companheiros ou adversários a um sinal do treinador etc. Por isso, esta capacidade está muito associada à velocidade de reacção.
CAPACIDADES COORDENATIVAS

Capacidade de Ritmo
Relaciona-se com a faculdade de imprimir uma certa cadência na realização de determinados movimentos ou exercícios ou de interiorizar essa cadência (ritmo). Para Manno, é "a capacidade de organizar cronologicamente as prestações musculares em relação ao espaço e ao tempo". .A ritmização dos movimentos implica, assim, uma organização temporal, uma determinada ordem, duração e sucessão das acções, relacionando-se com a sincronização do processo neuromuscular.
Quando existe ritmo as acções realizadas pelos jogadores tomam-se harmoniosas, aparentemente fáceis, realçando os aspectos estéticos da prática. Por outro lado, o ritmo é um elemento a considerar como forma de estimulação e regulação individual. A marcação do penalty e o livre directo, por exemplo, permitem exteriorizar uma cadência ou ritmo próprios.
O conceito de ritmo nos desportos colectivos e, particularmente, no futebol está associado à dinâmica da equipa, ou seja, consoante a dinâmica de jogo da equipa e a especificidade e predominância das suas acções, assim podemos caracterizar o ritmo de jogo em certos períodos, durante uma parte ou mesmo o jogo na sua globalidade.
CAPACIDADES COORDENATIVAS

Capacidade de Antecipação
Relaciona-se com a capacidade de prever o desenvolvimento e o resultado de uma acção ou situação e antecipar a resposta que se segue. A importância da antecipação consiste na possibilidade de resolução dos problemas colocados pelo jogo, ganhando tempo para intervir. Desta forma, um jogador pode prever o desenvolvimento de determinado lance do jogo e antecipar a decisão.
No futebol existem várias acções/movimentos que são determinadas por uma acção rápida de antecipação perante os adversários ou a trajectória da bola. Por isso, um jogador, ainda, que menos rápido que outro pode chegar primeiro à bola ou ganhar uma posição vantajosa relativamente ao adversário directo.
CAPACIDADES COORDENATIVAS

Capacidade de Coordenação Motora
Permite assegurar uma adequada combinação de movimentos que se desenrolam ao mesmo tempo ou de forma sequencial.
Em termos práticos, esta capacidade tem grande importância, já que, é possível conjugar ou incluir vários tipos de movimentos ou habilidades na mesma unidade ou resposta motora. No futebol, assiste-se frequentemente à realização de acções combinadas que implicam nomeadamente:
-Um drible, corrida com bola e seguida de finalização;
-Remate após recepção com o peito e corrida rápida;
-Acções específicas dos guarda redes.
CAPACIDADES COORDENATIVAS

Capacidade de Equilíbrio
Está relacionada com a faculdade de manter uma determinada posição ou de a recuperar rapidamente (quando se tiver perdido), parado ou em movimento devido a condições adversas. A importância do equilíbrio na prática desportiva varia consoante as características da modalidade desportiva. Em termos gerais, podemos afirmar que se mantém o equilíbrio quando o centro de gravidade está dentro da base de sustentação,
-Estável -O corpo regressa à posição inicial independentemente dos movimentos realizados;
-Pouco Estável O corpo regressa à posição inicial mas, dentro de certos limites;
-Instável Quando perante a mínima oscilação provoca o desequilíbrio do corpo.
Sabemos que na locomoção (marcha ou corrida), há um reequilibro contínuo, sucessivo, permitindo manter a posição inicial. Todavia, as circunstâncias que se verificam durante um jogo de futebol, fruto das acções de oposição, do estado do terreno e das dificuldades criadas pelo domínio e posse da bola colocam problemas acrescidos de equilíbrio e que os jogadores têm de resolver em cada momento.