quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

COMO JOGAR 9 CONTRA 11: CARLOS CARVALHAL

24/01/2011
Psicologia

Como jogar 9 contra 11.
Já tinha passado por esta experiência e lembrei-me novamente ao ver o Rio Ave com o Vitória de Guimarães no fim-de-semana passado, num jogo a contar para a Liga Portuguesa de futebol profissional.
Jogar 11x11 permite-nos ter todos os referenciais no terreno de jogo: companheiros e adversários e suas respectivas linhas e orientações.
Na ausência de um jogador as coisas complicam-se! Na minha opinião, o comprometimento defensivo nunca deve ser colocado em causa; o ofensivo com alguma astúcia e inteligência pode ser eficaz. No fundo, juntando linhas e redobrando esforços nos dez, ou seja, com “essa força”, aliada a astúcia de ordem táctica, pode com naturalidade fazer-nos discutir um jogo contra qualquer adversário, mantendo sempre os equilíbrios da equipa.
Jogar com nove… é muito mais complicado! O campo de futebol é muito grande para ser ocupado por nove jogadores. A manutenção das linhas e equilíbrios não nos permitem defender em superioridade numérica e ter elementos suficientes para poder atacar com número de unidades que possam criar muitas dificuldades ao adversário.
O que devem então fazer os nove jogadores?
Servimo-nos do exemplo do Rio Ave, que ficou com 9 unidades ao minuto 60 e com o resultado em 1 a 1, tendo ainda ficado em situação desfavorável aos 68 minutos de jogo.
Com o resultado negativo de 1 a 2, o Rio Ave nunca se desequilibrou, tendo sempre uma frieza e agressividade impressionantes, respondendo desta forma com grande eficácia às dificuldades do jogo.
Defensivamente manteve sempre as suas linhas juntas, posicionando-se no seu meio campo defensivo com todos os jogadores muito juntos. Formou sempre uma linha de 4 defesas que lhe asseguraram e contribuíram para a manutenção equilibrada da dinâmica defensiva. A grande diferença para o que acontecia antes foi apenas a dinâmica ofensiva dos seus defesas laterais que depois ficaram obviamente mais posicionais.
No meio campo manteve os 3 elementos habituais (o Rio Ave joga normalmente em 1.4.3.3). O comportamento dos médios envolveu sempre grande sacrifício e grande mobilidade defensiva: com a ausência de extremos para defender nos espaços dos defesas laterais contrários, foram os médios laterais que rapidamente tiveram que se posicionar nestes espaços, rodando os dois outros médios para o lado da bola.
Na frente, um jogador (João Tomás). Em situação defensiva, recuou para a linha do médio defensivo contrário, fazendo o papel de 4 médio.
Desta forma, a manutenção do equilíbrio foi uma evidência! Ainda assim, o Rio Ave estava a perder! O que fazer para chegar ao golo nestas circunstâncias?
Ao ganhar a posse da bola, numa equipa que tem menos duas unidades em campo, parece que não existem companheiros para jogar, porque essencialmente se perdem referências. O maior perigo nestas situações pode ser o facto de as equipas perderem o seu equilíbrio táctico, em função de quererem atacar com a normalidade habitual no que diz respeito à sua dinâmica, e não sabendo por isso que os equilíbrios se podem tornar quase impossíveis, tornando-se altamente vulneráveis no momento de transição defensiva.
Sempre que o Rio Ave ganhava a posse da bola, tentava conservar a sua posse até que o seu avançado e mais um médio chegasse perto da linha defensiva adversária. Nessa altura, verificou-se sempre uma tentativa de jogo directo para estes, sobretudo para ganhar faltas. Foi assim que o Rio Ave conseguiu chegar à baliza do Vitória. E foi assim que após uma falta sobre João Tomás fez o golo do empate.
Manter a posse, sem abandonar as posições de forma a estar em equilíbrio no momento de transição defensiva, e procurar através de passes directos para os jogadores que se posicionem na frente, de forma a ganhar faltas laterais, frontais ou cantos, parece-nos ser uma boa solução para combater a inferioridade numérica de 2 jogadores. Defender bem e tentar aproveitar com eficácia os lances de bola parada. Numa equipa com jogadores como Cristiano Ronaldo ou Messi, uma outra hipótese é simplesmente passar-lhes a bola…criam soluções em situações de inferioridade extrema!
E a equipa que está em superioridade numérica 11 contra 9?
No fundo fazer o que o Vitória fez. 4 Jogadores nos corredores (um defesa lateral e extremo de cada lado) de forma a “abrir” o campo e tentar desequilíbrios principalmente pela acção dos defesas laterais (leia-se atrás a dificuldade colocada com a ausência de extremos). Dois avançados colocados na frente, jogando 1x1 com os defesas centrais contrários. Um pivot defensivo e um ofensivo, mantendo-se os dois defesas centrais.
Esta foi a opção relativa à colocação espacial dos jogadores, como poderia ter sido outra. O que nos parece importante referir é que, numa situação destas, tendo em conta a dificuldade sentida pelos médios contrários (por terem de sair a zonas laterais), quanto mais a bola entrar nessas zonas e mais rápido circule para o corredor contrário, mais dificuldades e desgaste estes jogadores podem acusar e por consequência, os espaços abrem-se com naturalidade! Por outro lado, com a dificuldade de controlar espaços, aparecem os desequilíbrios.




CAPACIDADES MOTORAS

21/1/11
Teste Teórico

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

MEDICINA DESPORTIVA

17/1/2011

Exame de Medicina Desportiva

METODOLOGIA DE TREINO: FUTEBOL 7

15/1/2011 Preparação para o exame teórico
FUTEBOL 7 Sistema 1-2-3-1

Funcionamento 
Este sistema teve a sua origem no 1-3-2-1, ao adiantar um dos defesas para a linha de meio campo. Tem também grandes afinidades com o futebol 11, especialmente em equipas de características mais ofensivas, ou perante equipas contrárias muito inferiores.
Este sistema é uma boa aproximação para o 1-4-2-3-1 do futebol 11.
 Existe então, 1 guarda-redes, 2 defesas, 3 médios e 1 avançado.
Os defesas são dois centrais, com muitas capacidades para as coberturas, muito rápidos, com qualidades técnicas para iniciar o jogo de ataque, fortes no jogo aéreo e eficazes nos desarmes.
Os dois médios alas devem ser rápidos, com capacidades técnica e com facilidades de chegar à área contrária.
O médio centro deverá ter todas as qualidades de um bom organizador de jogo e bom posicionamento táctico.o avançado deverá ser muito veloz, com capacidade de desmarcação, com qualidades para segurar a bola e possibilidade de fazer também trabalho defensivo.
Vantagens 
Grande semelhança ofensiva ao funcionamento do futebol 11, permitindo manter a posse de bola e fazer a progressão até à baliza contrária.
Maior agressividade defensiva pois permite pressionar com 4 jogadores o início do ataque da equipa contrária.
Maiores possibilidades de conseguir golo ao recuperar um grande número de bolas no campo contrário.
Desvantagens
Demasiado espaço livre entre os defesas e o guarda-redes.
Exige um nível elevado de concentração pois necessita de uma grande intensidade de jogo.
Um erro na pressão pode proporcionar facilmente um contra-ataque da equipa contrária com muitas possibilidades de golo, devido ao adiantamento das linhas de jogo ao tentar recuperar a bola.

TRANSIÇÕES OFENSIVAS: CARLOS CARVALHAL

14/01/2011
Preparação para o exame de capacidades motoras
Transições ofensivas! Ao iniciar esta reflexão sobre transições ofensivas, não me abandonava a ideia da indivisibilidade do jogo e em função disso na inoportunidade de falar sobre o “momento” de transição ofensiva. Não será mais oportuno falar de instante?
Hoje em dia é recorrente falar-se em transição ofensiva, mas tenho a convicção que este termo é, na esmagadora maioria das vezes, usado de uma forma inadequada. É comum as pessoas associarem este momento a saídas em ataque rápido ou contra-ataque. Penso que esta ideia surgiu pela vertigem contemporânea: pela velocidade e pela pressa!
Existem algumas divergências no que se refere à definição do que é o momento de transição ofensiva! Para uns é a forma como após se recuperar a bola, se age de uma forma colectiva até ao momento em que o adversário entre em equilíbrio. Para outros é apenas o instante em que a recuperas depois o critério que a equipa tem para dar sequência ao jogo entrando no momento de organização ofensiva.
Acho que por vezes este tipo de questões se tornam estéreis! O jogo é contínuo, onde começa e termina algo em algo que é iminentemente fluido vão existir sempre divergências de opinião. Assim sendo, vamo-nos concentrar e focar no preciso momento em que ganhamos a bola, nesse… instante!
A Transição ofensiva pode ser caracterizada pelo preciso instante em que se recupera a bola! O que fazer a partir deste instante? Sim instante!
É que a qualidade da transição ofensiva está intimamente relacionada com a qualidade do primeiro passe após recuperação da posse da bola. A partir daqui, normalmente define-se a forma como depois entras no outro momento de jogo, que é obviamente a organização ofensiva.
A definição do que se vai fazer após ganhar a bola depende de muitas coisas: em primeira instância das ideias do treinador (da forma como treina para jogar) e dos respectivos princípios de jogo inerentes à ideia de jogo; do local onde se conquista a posse da bola; muitas vezes condicionado pela gestão do jogo (resultado, tempo de jogo, cansaço, etc).
Imaginem um treinador que privilegia a posse da bola como método preferencial de jogo! A predominância dos instantes de transição ofensiva serão em “segurança”, ou seja, pretende retirar a bola rapidamente da zona de pressão (ou de elevada densidade de jogadores adversários), isto nas equipas de nível é conseguido através de um primeiro passe de grande qualidade. Esta saída da bola de zona de pressão não tem que se realizar no sentido da baliza adversária, ele pode ser lateral ou inclusivamente um passe para trás, de forma a potenciar a posse de bola, jogando-se em segurança. Os princípios e sub-princípios de jogo para o instante de transição ofensiva serão o de retirar a bola da zona de pressão, privilegiando a segurança do passe. Como exemplo podemos atentar como o Barcelona age no instante que ganha a posse da bola: primeiro passe sempre em segurança para fora da zona de pressão, segundo passe sempre a procurar segurança e o privilégio de manter a posse da bola, muitas vezes procurando a “desaceleração” do jogo.
Outro treinador, prefere um jogo mais “vertical”, procurando chegar o mais rapidamente à baliza adversária. Neste enquadramento, o primeiro passe neste vai ser predominantemente para a frente ou lateral para depois chegar rápido a linhas avançadas. Aqui os princípios e sub-princípios de jogo estarão intimamente ligados à velocidade do passe, bem como do deslocamento colectivo da equipa (no sentido da baliza adversária).
Veja-se como o Real Madrid age nos instantes de transição ofensiva: primeiro passe em segurança (por vezes lateral ou vertical no sentido da baliza contrária), sendo que na sequência deste passe sempre, com uma grande propensão de verticalidade colectiva, utiliza uma forte intensidade colectiva para chegar rapidamente à baliza adversária.
A definição do que fazer após a conquista a bola também pode depender do local onde se consegue fazer! Claro que neste caso estamos a falar na definição dos princípios do jogo preconizados pelo treinador e a propensão de acção tendo em conta o local do campo onde se conquista a bola.
Uma coisa poderá ser o recuperar-se a bola junto à própria grande área, outra poderá ser perto da baliza adversária. O Real Madrid tem uma definição muito clara de princípios de acção: ganhar a bola na zona intermediária do campo, ou no meio campo ofensivo, o que permite fazer transições ofensivas objectivas - procurando o desequilíbrio da equipa adversária. Já quando conquista a bola no seu meio campo defensivo (mais perto da sua área), as transições são muito mais “seguras”, procurando a equipa não perder a posse da bola nestas zonas do terreno.
Existem outros aspectos que poderão influenciar no tipo de acção a adoptar na forma como se “transita” para o ataque! Tendo em conta a estratégia que o treinador adopta para o jogo, pode fazer-se intencionalmente um tipo de transição diferenciada (ou não) em função do resultado e tempo de jogo, assim como pelo estado físico da equipa, no decorrer da partida! Imaginem uma equipa que privilegia o ataque rápido, e concomitantemente transições rápidas e verticais no sentido da baliza adversária! Está a vencer o jogo por 2 a 0 e a equipa a 10 minutos do final apresenta sinais evidentes de cansaço! Esta equipa pode estar preparada para modificar a propensão das suas transições privilegiando a segurança de passe e posse da bola.
Uma característica comum às equipas de grande nível é a segurança que evidenciam no primeiro passe é a eficácia com que saem das zonas de pressão. Pelo facto de ter feito um percurso com treinador desde a 3ª divisão até a um nível de grande exigência como no Sporting (percorrendo todas as divisões do Futebol Profissional), permite-me afirmar que quanto maior o nível, mais eficácia temos no primeiro passe e na forma como rapidamente saímos das zonas de pressão após ganharmos a posse da bola.
Depois, de acordo com os princípios de jogo da equipa, entramos no momento de organização ofensiva que pode ser de diversas formas.
Apesar de falarmos em “instante” e na importância da qualidade do “primeiro passe”, que estão ligadas a processos individuais (mais propriamente ao jogador que está em acção com a bola), tanto este, como todos os outros, estão subordinados a uma ideia comum (ideia de jogo da equipa) que tem princípios de jogo e sub-princípios para cada momentos e cada “instante”.
Ao falarmos de passe, tem obviamente que existir quem recepcione a bola e saiba o que fazer a seguir… Como em todos os momentos em futebol, o ideal é que TODOS os jogadores da mesma equipa pensem da mesma maneira em cada momento!

domingo, 9 de janeiro de 2011

ROTATIVIDADE: CARLOS CARVALHAL

Rotatividade!
Este é um dos temas do momento, principalmente em campeonatos onde existe uma forte densidade competitiva.
Qual a melhor forma de fazer esta gestão? Trocar jogadores de jogo para jogo será a melhor opção? Terão todos a mesma competência, de maneira a que a equipa apresente os mesmos níveis competitivos? Será mesmo este o verdadeiro problema da rotatividade de jogadores? Vamos tentar encontrar algumas respostas para as perguntas acima colocadas!
Toda a gente reclama mais competição, mas depois debate-se com o problema da gestão do plantel. A fórmula muitas vezes encontrada é a da rotatividade de jogadores. Ou seja, de jogo para jogo, ou pontualmente, substituem-se alguns jogadores por outros de forma a que uns possam descansar e manter outros em actividade.
Só que na prática, na esmagadora maioria dos casos isto não tem dado muito resultado. A desculpa é que o plantel não tem todo a mesma qualidade! Claro que num plantel nem todos têm a mesma qualidade, mas quantas vezes os jogadores que no inicio de época não se perfilham na nossa cabeça como primeira opção, acabam por ser titulares a época inteira? Muitas, de certeza absoluta! Este é sem duvida um problema, mas não me parece que seja o principal!
Noutras situações, é referida também a falta de ritmo competitivo de quem entra a jogar e não o tem feito com regularidade! Poderá ser um problema? Pode, mas nunca nos dois primeiros jogos, nestes, o jogador está com a motivação toda e sustém bem o ritmo desses jogos, a partir daqui se a gestão não for bem feita, é que poderá acusar fadiga! Contudo, o que resulta na prática é que muitas vezes se as coisas não correrem bem, estes jogadores que entram, acabam por não se fixar na equipa e voltam à condição de segundas opções.
Os treinadores referem muitas vezes que todos os jogadores estão preparados para jogar, porque treinam da mesma maneira. Conhecem os princípios e sub princípios de jogo da equipa e a sua dinâmica, e se tiverem que entrar na equipa não existe qualquer problema porque vão corresponder ao nível exigido. Claro que esta é uma verdade! Mas este tema levanta questões importantes.:
Os jogadores que entram na equipa, mesmo mantendo o sistema de jogo não vão acrescentar ou diminuir ao conjunto, pelo facto de terem características diferentes dos jogadores que vão substituir?
Será que as ligações, códigos sensoriais entre jogadores da equipa não vão ser afectadas?
Comecemos pela primeira questão!
Pensemos numa equipa que joga preferencialmente em 1.4.3.3, tem na sua dinâmica uma forte presença ofensiva do seu lateral direito, ao contrário do seu defesa lateral esquerdo que é mais “defensivo”. A alternativa a este defesa lateral direito é um jogador menos acutilante no ataque! Parece-me óbvio que, mesmo conhecendo os princípios e a dinâmica da equipa, este jogador no mesmo sistema “alterará” a dinâmica da mesma. Não poderemos especular se para melhor ou pior, mas podemos convictamente dizer que será necessariamente diferente. Podemos ficar com a ideia de que muitas vezes alterar um jogador poderá significar uma alteração muito grande na dinâmica. E dois, três, quatro ou cinco…?
Ao responder à segunda questão parece-me possível encontrar as respostas fundamentais para os problemas da rotatividade.
Sou muitas vezes questionado por jovens que querem ser treinadores, qual o caminho que devem trilhar para chegar a ser profissionais. A todos respondo, joguem, conheçam o jogo por dentro! Sem esse conhecimento, da sua natureza, a sua aleatoriedade, os seus códigos sensoriais, dificilmente conseguem lá chegar…. Códigos sensoriais!!! O que é isso?
É mais um dos “segredos de balneário” que legitimamente muitos treinadores guardam e que revela o conhecimento do jogo! Pela sua prática, percebem desde cedo que existem sinais entre jogadores que se revelam importantíssimos na dinâmica de uma equipa. Vulgarmente podemos definir como parte integrante do “entrosamento”.
Para além dos princípios, sub-princípios e sub dos sub-princípios de jogo, existem códigos entre jogadores que se vão criando pela habituação, pelo treino e pelo tempo. Como sabemos, devido à sua aleatoriedade, os timings no futebol são importantíssimos para agir num determinado instante, perante uma qualquer dificuldade! Pois bem, esses timings têm imenso de “linguagem sensorial”: a posição do corpo quando esboça um movimento e é interpretado pelo colega; a posição da suas mãos emitindo um sinal para um determinado tipo de acção; a voz a pedir a bola num momento preciso; o ouvir de um sinal para fazer uma determinada acção, sem necessitar de ver o colega, porque sabe onde está e o que vai fazer…
Querem um exemplo prático? Jogava eu com 19 anos na 1 liga no Desportivo de Chaves! Como médio interior direito jogava Paulo Rocha, jogador com uma capacidade de passe impressionante, e como extremo direito António Borges, muitíssimo rápido e possante. Sabem como o Borges comunicava com o Paulo?
Bastava o Paulo ter a bola e o Borges assobiar e mesmo sem ver onde estava o colega (porque sabia onde estava e para onde se desmarcava) passava-lhe a bola em profundidade com uma precisão impressionante!
Estes sinais de diversa ordem criam-se na esmagadora das vezes sem a intervenção do treinador, faz parte do dialecto de acção dos jogadores.
O futebol é um jogo de enganos, e esta é uma das formas que os jogadores encontram para no terreno de jogo enganar os seus adversários.
Este é um código, um sinal sensorial acústico! Como este existe uma infinidade de códigos que se criam com conhecimento mútuo, treino, tempo, habituação…
Pois bem, acho que agora estamos em melhor condição de aclarar o tema em questão! Mudar um jogador, como sabemos por vezes causa dano na dinâmica da equipa!
Mudar 5 ou 6, pelas características desses jogadores, diferentes dos outros, vai comprometer uma dinâmica fluida.
Tanto pelas diferentes características dos jogadores, como pela ausência natural de códigos sensoriais (“entrosamento”). Sendo assim podemos dizer que ao aumentar o grau de entropia, perdemos fluidez no sistema.
Mas então o que fazer?
Olhem para as equipas de Mourinho!! Disputa todas as competições a Top, muda muito pouco de jogadores e quando o faz não compromete a dinâmica. Para se conseguir andar a top em todas as competições em simultâneo, estamos a falar de um processo complexo, de competição, treino e recuperação… mas isso é outro tema!

DEFESAS CENTRAIS: CARLOS CARVALHAL

Defesas centrais
“Cada vez penso mais e corro menos”! Esta frase é da autoria de Carles Puyol, defesa central do Barcelona e da Selecção Espanhola ao jornal El País no dia 10.7.2010
O conteúdo desta afirmação leva-nos a reflectir sobre a inteligência do jogo. O dominar e controlar os espaços mais importantes do terreno de jogo de uma forma inteligente, é sintoma de uma equipa evoluída.
Na entrevista acima referida, Puyol refere que “agora preocupa-se mais com o espaço do que com a bola”!
A noção de controlo e domínio dos espaços é fundamental para um jogador e para uma equipa inteligente! Existem espaços mais “críticos” do que outros! O espaço destinado aos defesas centrais é fulcral na organização de uma equipa. Quando estão a defender, as equipas revelam preocupações em fechar o corredor central (o que parece óbvio pois é o local onde se encontram as balizas), sendo os defesas centrais aqueles que devem guardar os espaços que estão imediatamente à frente da sua baliza.
E começo por referir “guardar espaços” porque, para mim, é uma característica importantíssima para definir um bom defesa central! Existem defesas centrais que são apelidados pelos adeptos de “autênticos guerreiros”, “que vão a todas”, “que não largam o ponta de lança”, etc…
Entendo este ponto de vista, mas não é o meu! Fui defesa central e percebo muito bem esta posição! Mais importante que perseguir adversários e fazer carrinhos nas laterais do campo, é absolutamente necessário saber guardar o seu espaço e não permitir que qualquer adversário (não só os avançados) possa entrar nesse espaço para fazer golo.
Vamos reflectir! Sou treinador de uma equipa que vai jogar contra outra, na qual os defesas centrais jogam em “perseguição” aos avançados contrários! É óbvio que ao sair do seu espaço com facilidade, as compensações são muito difíceis de se fazer. Com toda a naturalidade, um dos pontos estratégicos a explorar vai ser o arrastar os defesas centrais para fora do seu espaço, de forma a que outros jogadores possam entrar por esse canal.
Então os defesas centrais nunca “abandonam” o seu espaço?
Podem fazê-lo, mas segundo a minha perspectiva, apenas com duas possibilidades: ter a certeza que vai “encurtar” num adversário que estava prestes a receber a bola num espaço importante e que poderia colocar em perigo a equipa se a bola fosse recepcionada (se mesmo assim este ganhar a bola, devemos forçá-lo a jogar para fora deste espaço, ou em último recurso deve recorrer-se à falta); ou, saindo desta zona, tendo a certeza absoluta que o espaço abandonado vai ter uma eficiente cobertura.
Já agora para reforçar esta minha ideia atente-se no que refere Puyol, “Agora posso dizer que jogo com mais cabeça e menos pernas, menos coração. Pelo menos tento pensar antes de ir a todas”.
Quando comecei como jogador não existia uma forma de jogo “zonal”! Um defesa central marcava o ponta de lança e o outro jogava nas “dobras”. Já na fase terminal da minha formação (juniores), as equipas começaram a jogar com os defesas centrais a jogar cada um na sua “zona”! O que era isso?
Dividindo o campo a meio no sentido longitudinal, do lado que o avançado se desmarcava o defesa central marcava e o outro “sobrava”! Foi para mim uma primeira abordagem à Zona! Desde o primeiro dia senti a vantagem desta forma de jogar e a dificuldade que alguns avançados começaram a experimentar. Esta forma de defender foi uma “viragem”, não só nas características dos defesas centrais (menos o “marcador puro” e o que jogava apenas “limpinho nas sobras”), para defesas com as duas características (mesmo que uma fosse mais marcante do que a outra). Influenciou também a forma como os avançados se movimentavam, agora que já tinham dois defesas centrais a marcar os espaços.
Com o passar dos anos o jogo evoluiu para a defesa “Zona pressionante”! Forma de jogar que implica jogar em rede: todos dependem de todos, defendendo espaços em coordenação colectiva! Nesta posição procuro sempre ter jogadores que, para além de reunir um conjunto de características individuais, saibam jogar em coordenação com a equipa, no seu Todo; com a linha defensiva no seu conjunto (incluindo guarda-redes); mais pormenorizadamente com o seu parceiro do eixo central (quase que uma união que se assemelha a um casamento); também de uma forma muito próxima com o defesa lateral do seu lado.
Cada vez sinto mais dificuldade em avaliar um defesa central! Procuro analisar as relações de coberturas de espaços entre defesas, e de uma forma mais “sensível”, a forma como se articula e complementa a dupla de centrais.
Dentro de um conjunto de características que acima referi, existe uma que para mim é fulcral para definir um defesa central de Top – a capacidade de antecipação! Esta capacidade está intimamente ligada com a inteligência do jogador! A forma como antecipa o que vai acontecer no jogo em cada instante, realiza-se em eficácia defensiva e… ofensiva!
Defensiva porque a leitura do jogo vai permitir antecipar os acontecimentos e impedir a iniciativa ofensiva do adversário - como que “adivinhando” a intenção do adversário. Neste âmbito, pode levantar-se a questão do que é a velocidade no futebol…
Ofensiva, porque um bom defesa, para além de dever antecipar o momento em que anula a investida do adversário, deve dar um ênfase construtivo à sua acção, ou seja, deve colocar em primeiro lugar o “cortar” a bola, mas pensar sempre ao fazê-lo, de que forma pode passar a bola a um colega para que exista transição para ataque.
O jogo tem um fluxo contínuo, não se quebra num momento! Por isso as ligações entre os diversos momentos do jogo assumem uma importância fundamental.
Cada vez mais os defesas centrais não se esgotam no processo defensivo. Procuram-se defesas que para além da sua função natural e fundamental, tenham acima de tudo uma grande eficácia defensiva. Que saibam iniciar e dar continuidade ao momento ofensivo.
Já pensaram na importância dos defesas centrais nos momentos de transição?
Como referimos anteriormente, a forma de dar sequência ao jogo após cortar a bola, influência de uma forma construtiva, facilitando a fluidez e a velocidade do jogo. O primeiro passe após a recuperação da posse da bola, assume uma importância enorme na transição ofensiva. Os defesas centrais anulam muito “jogo” ao adversário, logo têm também muitas possibilidades de iniciar a organização ofensiva, antecipando a acção seguinte.
Existe um pormenor muito importante e que está intimamente ligado com a concentração e interpretação do jogo. Um defesa central, como todos os jogadores, “joga” em todos os momentos do jogo. Mas todos nós, treinadores, sabemos que quando a nossa equipa está a atacar no último terço do campo, existem jogadores da linha mais recuada que por vezes estão apenas a “ver o jogo”!
O que significa isto? Significa que estão de tal forma absorvidos pelo lado emocional, a viver o jogo e a focalizar-se no colega que tem a bola, que se esquecem que momentaneamente não ocupam bem os seus espaços, no sentido de manter o equilíbrio da equipa. Isto resolve-se com treino, e é importantíssima a forma como estes jogadores se posicionam para que a equipa esteja permanentemente equilibrada, mantenha as suas linhas juntas e tenha uma transição defensiva eficiente. O facto de estarem posicionados na linha mais recuada da equipa deve também ser aproveitado por estes para dar feedbacks importantes aos seus colegas, de forma a estarem em equilíbrio defensivo permanente. Estes equilíbrios são extremamente dinâmicos e requerem muita concentração e comunicação.
Na próxima vez que virem o Barcelona, fixem-se na acção dos defesas centrais! Jogam muito “subidos”! São agressivos e fortes nos equilíbrios, tentando sempre jogar em antecipação para rapidamente ficar com a posse da bola e evitar que tenham que defender perto da sua área. É que assim os jogadores do meio campo e ataque não têm que percorrer grandes espaços! Esta equipa gosta é que corra… a bola!
Termino novamente com Puyol na citada entrevista, “aprendi a pensar em campo! É mais importante defender o espaço do que a bola…”

ORGANIZAÇÃO DO DEPARTAMENTO JUVENIL

08/01/2011: TARDE: Oradores: P e Mara

METOLOGIA DO TREINO

08/01/2011: Manhã: Estádio Municipal: Aula Prática
EXERCÍCIO:EXERCÍCIO EXAME
Sistema: 1:4:4:2
Momento: Organização Ofensiva (Posse)
Método ofensivo: Ataque Posicional (Organizado)/Ataque rápido
Fases: Construção do jogo ofensivo: Criação de situações de finalização: Finalização
Princípios: Progressão: Cobertura ofensiva: Mobilidade: Espaço
Objectivos Específicos
Melhorar a posse de bola e finalização
Melhorar a resistência
Melhorar a concentração
Espaço:Campo inteiro Tempo: 10´
Nº de jogadores: 12 Avaliação:
Forma: GR+0x10+GR
Organização:1 equipa(11)+1GR e bola
Explicação: Saída de bola do GR que escolhe o lateral a quem passar. O lateral circula a bola para o central e este para o outro central e este para o lateral (sector defensivo) com apoio sempre dum médio centro para criar uma linha de passe se for preciso.
Depois faz-se a transposição defesa-ataque.
Este lateral passa ao médio do seu corredor e desloca-se por trás deste e apoia o ataque em largura. Passa-se dum ataque organizado para um ataque rápido.
O médio com bola combina com o médio centro do seu lado e este coloca a bola na linha no lateral.
O lateral ao chegar à linha de fundo faz um cruzamento atrasado e rasteiro (para a entrada da grande área) onde aparece o avançado que remata de primeira para finalizar.
Variantes:1ª: Com equipa defensiva presssionante/2ª:Equipa defensiva que pode tirar a bola.
Critérios de êxito: Cada ataque finalizado vale um ponto.

ESQUEMA

Material: 1 bola: 2 balizas
João Nunes
Ricardo Castilho

PALESTRA

07/01/2011:Oradores: Gomes/André/Bandeirinha



METODOLOGIA DO TREINO

07/01/2011


PEP GUARDIOLA – SESSÃO DE TREINO

GR+8x8+GR com 1 Joker Ofensivo


                                     1-4-3-2-1 Carlo Ancelotti.003 

CARLO ANCELOTTI – “ÁRVORE DE NATAL” – ORGANIZAÇÃO OFENSIVA







quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

OBSERVAÇÃO

3/01/2011
Scouting

O Scout no futebol
Pela competitividade e equilíbrio que caracteriza o futebol atualmente, o técnico deve sempre buscar diferenciais que agreguem positivamente ao seu trabalho, transformando-os em resultados. Scout é uma palavra da língua inglesa que traduzida para o português significa explorador. E esse é o principal objetivo de um trabalho de Scout, explorar todas as possibilidades das equipes analisadas, encontrando pontos fortes e fracos nas mesmas.

Para montarmos um modelo de Scout devemos levar em conta três dimensões básicas:

- temporal: refere-se aos períodos de ocorrências dos eventos no jogo, tempo de realização das ações, tempo de posse bola, enfim, tudo que possa ser caracterizado em função do tempo;

- espacial: relacionar os eventos às regiões do campo, posicionamento das equipes com e sem bola, ou seja, todas as ações que possam ser relacionadas com o espaço de jogo;

- tarefa: tipo de ação ou fundamento realizado em determinada jogada, quantificando e qualificando os eventos ocorridos, caracterizando-os.

Devemos considerar também os padrões coletivos e a proposta de jogo da equipe analisada para podermos contextualizar os dados e compreendê-los de uma forma global.

O Scout também pode ser realizado de forma longitudinal (quando o realizamos analisando nossa própria equipe ao longo de uma seqüência de jogos numa temporada, por exemplo) ou transversal (quando é feita a análise do nosso próximo adversário baseado em um jogo). Temos que nos atentar para isso, pois são dois tipos de análises diferentes que possuem seus prós e contras.

Vejamos duas situações distintas para ilustrar os pontos contras:

- análise longitudinal: caso eu me baseie pela boa média de desarmes da minha equipe por partida, posso não reparar que ela diminuiu sua capacidade de desarme nos últimos cinco jogos;

- análise transversal: no jogo em que analiso meu adversário, não necessariamente ele realizará todos os movimentos coletivos que está habituado, ou então, jogará de acordo com aquele adversário do dia.

O trabalho de Scout é de grande valia para o treinador, mas este não pode se deixar enganar pelos números, e para isso devem estar montados de acordo com as necessidades e com a capacidade de intervenção dele no aspecto tático da equipe.