segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

TRANSIÇÃO DEFENSIVA: CARLOS CARVALHAL

1/02/2011 Teste:PSICOLOGIA DO DESPORTO

Momento de transição defensiva

Ao definirmos princípios para os quatro momentos de jogo da nossa equipa, deparamo-nos com um que é para mim o mais difícil de trabalhar, o momento de transição defensiva.
Na essência do jogador está o “jogar”, o ter a bola para marcar golos. Quando ganha a bola, a sua natureza pede que caminhe face ao objectivo do jogo, o golo. Isto é natural!
O problema é que a predisposição para defender a baliza depois de perder a bola não é a mesma da que existe quando a conquista (naturalmente quer fazer golo, quer jogar tendo a bola).
Esta questão é tão pertinente para mim que, sendo um defensor do treino em Especificidade desde o primeiro dia de trabalho, tenho muitas vezes que “reduzir” este momento (vamos chamar instante a este preciso momento da perda da bola) a situações nas quais a bola chega a estar ausente (embora não deixe de treinar em Especificidade, apesar disso)!
O momento de transição defensiva começa no preciso instante em que a equipa perde a bola e tem que reagir muito rápido! A questão que se levanta é, o que fazer? O que fazer evidentemente que depende dos princípios de jogo que o treinador estabeleceu para este momento do jogo: Recuperar rapidamente a bola? Defender mais perto da minha baliza? Etc…
Passar de um momento de ataque
para um momento defensivo é uma mudança brutal no nosso organismo! O nosso lado cognitivo sofre uma alteração profunda neste momento, de ter a bola e pretender fazer golo, para não a ter e evitar um golo adversário! Voltamos a insistir, este é um momento muito particular, porque o momento de transição defensiva depende muito da velocidade (pensamento e acção) com que o jogador reage à perda
da bola. Ou seja, é um momento individual que deve estar subordinado a uma ideia colectiva!
Quer testar o momento de transição defensiva da sua equipa? Faça o seguinte exercício: duas equipas em duas colunas como na FIg 1. Dois treinadores, um em cada equipa, passam a bola para finalizar. No momento antes deste rematar, já está a sair outro jogador do lado oposto. O primeiro depois de fazer o remate tem que reagir rapidamente para tentar evitar golo, e assim sucessivamente. Ganha a equipa que mais golos marcar.
Se nunca utilizou este exercício, ao fazê-lo vai rapidamente verificar que os jogadores depois de tentarem finalizar, esquecem-se literalmente que têm outro objectivo de seguida, que é evitar golo. Vão de certeza verificar que este momento muito particular é na esmagadora maioria dos casos muito “fraco” nos vossos jogadores!

Por ser de difícil abordagem e muito difícil de trabalhar dissemos que é o momento de jogo, ou melhor, o preciso instante em que o jogador tem que reagir rapidamente para passar, no menor tempo possível, do momento ofensivo para o defensivo! Não perdemos o sentido da Especificidade, porque a reacção a este momento é uma ideia central na nossa forma de jogar! Sendo assim, desenvolvemos estratégias com e sem bola para que os jogadores que têm mais dificuldade (apenas numa fase inicial) possam melhorar esta capacidade, eminentemente reactiva.
Toquei neste ponto em particular porque o considero central ao abordarmos o momento de transição defensiva! No entanto, convém referir que esta é apenas uma parte do Todo! O Todo é a organização colectiva da equipa! Treinar transição defensiva é treinar um momento de organização colectiva que deve obedecer a princípios de jogo previamente estabelecidos pelo treinador. A reacção colectiva à perda de bola é a ideia central deste momento do jogo. Ter jogadores a reagir rapidamente à perda da bola, mas sem organização colectiva, dificilmente teremos eficácia nas acções! Mas também é verdade que se este instante particular da mudança mental brusca não estiver consolidada individualmente, podemos recuperar a bola, mas nunca teremos uma equipa de Top.



A imagem identifica 4 conceitos: Organização OfensivaOrganização DefensivaTransição Ofensiva e Transição Defensiva.

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